29 DE JUNHO DE 2017
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Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do PS, o Sr. Deputado Jorge Lacão
para formular perguntas.
O Sr. Jorge Lacão (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr. Primeiro-Ministro, temos
partilhado, desde a primeira hora, o sentido de responsabilidade que, seguramente, todos nos impõem para
colaborar com serenidade para o apuramento integral de todos os aspetos relevantes para a compreensão da
tragédia de Pedrógão Grande e dos concelhos limítrofes.
Ainda hoje, em sede de Conferência de Líderes, pudemos mais uma vez manifestar o empenhamento na
constituição da designada «comissão técnica independente» para a possibilidade do apuramento, em condições
de total idoneidade, desses mesmos factos. E, por isso, partilhamos os apelos ao sentido de responsabilidade,
mas queremos assinalar que ao sentido de responsabilidade deve também acrescer, neste momento, o sentido
de escrúpulo, porque é importante que possamos defender as nossas opiniões, mas é igualmente importante
que recusemos a tentação de instrumentalizar situações para defender as opiniões a que julgamos ter direito.
Tem sido essa a nossa posição, a posição a que nos remete o respeito pelas vítimas, pelas suas famílias, pelos
autarcas, por todos aqueles que, abnegadamente, nas várias frentes de intervenção, no terreno combateram os
fogos.
Queremos estar do lado do Governo, que, na sequência do rescaldo dos incêndios, assumiu como missão
prioritária todo o apoio à reconstrução, como o Sr. Primeiro-Ministro acabou agora de referir. Deve ser um apoio
à reconstrução que implique reabilitar as condições das pessoas e das famílias e que implique, igualmente,
reabilitar as condições de vida económica naquela zona do interior do País, para que dele se faça uma alavanca
para o desenvolvimento das regiões do interior, tão carecidas desses impulsos.
Estamos, por isso, inteiramente do lado do apoio prioritário aos objetivos da reconstrução e aos objetivos do
relançamento económico, mas consideramos, igualmente, que é o momento de olharmos com uma visão mais
ampla, com sentido de futuro, e, nesse aspeto, sabermos que temos pela frente uma responsabilidade de
gerações — sim, temos! —, particularmente no que diz respeito à necessidade do reordenamento da nossa
floresta e de todos os aspetos que com ela estão interligados.
Nesse sentido, quero aqui sublinhar que não foi agora, mas foi já em outubro de 2016, que, em Conselho de
Ministros extraordinário na Lousã, o Governo colocou à discussão pública os 12 primeiros diplomas para uma
reforma global da nossa floresta.
Quero lembrar que, em abril deste ano, deram entrada na Assembleia da República cinco propostas de lei
relativas a matérias mais sensíveis neste domínio, para aqui serem apreciadas.
Lembro ainda que já em junho deste ano, precisamente no dia 12, no Diário da República verde — assim
ficou conhecido —, foram publicados diplomas: de simplificação da constituição das ZIF (zonas de intervenção
florestal), permitindo, nomeadamente, a entrada das autarquias locais para a sua gestão; de criação das
entidades de gestão florestal, permitindo agregar os pequenos agricultores florestais; de criação de centrais de
biomassa para, em concreto, responder aos objetivos de limpeza da nossa floresta; de revisão dos regimes do
planeamento e ordenamento, para associar o objetivo do ordenamento florestal às responsabilidades, também,
no plano municipal e das comunidades intermunicipais.
Quero, consequentemente, lembrar, também, o trabalho que está ser feito no incremento das equipas de
sapadores florestais para este exato objetivo.
Posto isto, estamos, neste momento, em fase de apreciação de diplomas relevantes.
Relativamente ao regime das ações de arborização e rearborização, sabemos que nos últimos 10 anos, no
nosso País, o pinheiro-bravo perdeu uma quota significativa, da ordem dos 250 000 ha, e que o eucalipto, em
contrapartida, ganhou uma superfície da ordem dos 150 000 ha. E se alguma coisa nos vai juntar, a nós e ao
Governo, é, certamente, o propósito de criarmos condições de ordenamento da floresta que evitem as soluções
de monocultura, para termos, de facto, uma floresta racional e devidamente integrada nas suas finalidades de
uso múltiplo.
Queremos, igualmente, identificar-nos com o propósito do Governo de criação do banco de terras e do fundo
de mobilização de terras, para promover jovens agricultores e jovens silvicultores, e de criação de um sistema