I SÉRIE — NÚMERO 1
48
O Sr. José Cesário (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O PSD vai votar favoravelmente a proposta
de resolução do Governo que aprova o CETA, assinado em 2016, depois de várias rondas negociais realizadas
entre 2009 e 2014.
O nosso voto assenta em razões que têm em conta, essencialmente, os superiores interesses dos cidadãos
e o futuro do projeto europeu, que defendemos, assente no primado do humanismo, na democracia e no
desenvolvimento.
Para nós, o CETA começa por significar a concretização de uma efetiva cooperação política e económica
entre dois espaços com valores sociopolíticos e níveis de progresso semelhantes.
O Canadá é um país extremamente desenvolvido, com regras de organização empresarial e de proteção aos
trabalhadores e ao ambiente perfeitamente conciliáveis com as dos países da União Europeia. Claro que
sabemos bem que este acordo implica grandes desafios para o nosso universo empresarial e laboral, que tem
sabido corresponder a outros impactos bem recentes e que tem, agora, mais uma oportunidade para aperfeiçoar
métodos de produção e modelos organizacionais que, decerto, gerarão mais produtividade e mais emprego.
Por outro lado, este acordo traduz uma clara aproximação entre países que rejeitam em absoluto o
isolacionismo e o protecionismo, questão particularmente importante no momento em que se avolumam
tendências pouco consonantes com a aproximação entre os povos e a cooperação entre os países.
Pena é que alguns dos que se ouvem amiúde criticar com grande veemência aqueles que defendem essas
posições mais isolacionistas venham agora, contraditoriamente, atacar soluções que visam exatamente
combater o isolamento das nações e o protecionismo defensor dos mais privilegiados.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Exatamente!
Protestos do PCP.
O Sr. José Cesário (PSD): — Mas, Srs. Deputados, não nos esquecemos igualmente que o Canadá alberga
uma significativa comunidade portuguesa, que hoje deverá possuir mais de 600 000 elementos disseminados
por todas as províncias.
Trata-se de uma comunidade perfeitamente integrada, que tem uma participação ativa em todas as áreas da
sociedade canadiana cuja multiculturalidade dá garantias de plena integração a pessoas das mais variadas
origens, num exemplo que deve ser permanentemente seguido.
Protestos do PCP.
Também por isso é importante a celebração deste acordo, pois todos nós, europeus e canadianos, temos
muito a fazer em conjunto para melhorar ainda mais os modelos sociais, culturais e económicos em que
assentam as nossas sociedades.
Finalmente, Srs. Deputados, não resisto a recordar o modo como o Bloco de Esquerda decidiu criticar a
parceria de cooperação económica União Europeia/Canadá, que temos igualmente discutido paralelamente com
o CETA (Acordo Económico e Comercial Global).
Lamenta o Bloco que — e cito: «Tanto o CETA como o TTIP (Transatlantic Trade and Investment Partnership)
surgem para servir os interesses económicos das empresas». Repito: «(…) para servir os interesses económicos
das empresas». Será possível que, em pleno século XXI, ainda se tenha uma visão desta natureza, passadista,
ignorando que são as empresas o grande fator de desenvolvimento do mundo?
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, peço-lhe para concluir.
O Sr. José Cesário (PSD): — Ignorando que, de um modo geral, elas assentam as suas relações numa
lógica personalista, geradora de emprego e de riqueza? Como é possível conceber o desenvolvimento sem
empresas, Srs. Deputados? Será que o CETA não deverá ter entre os seus principais objetivos exatamente o
apoio ao universo empresarial?