I SÉRIE — NÚMERO 24
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Em nome do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, tem a
palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Sandra Cunha.
A Sr.ª SandraCunha (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sr.as Deputadas: A GNR tem, e bem, adotado
crescentemente um modelo de policiamento de proximidade, definido como uma forma de gestão de segurança
implementada em proximidade com a população de maneira a responder, através de uma ação policial
prioritariamente preventiva, às suas necessidades cuidadosamente identificadas e tomadas em consideração.
É, portanto, cada vez mais, na prática, uma força e serviço de segurança desmilitarizada mas cujo
enquadramento legal que a constitui considera ainda enquanto força militarizada, o que acarreta diversos
constrangimentos no que se refere a direitos de associação e de representação e, consequentemente, à
capacidade de negociação das condições de trabalho, assim como o exercício de direitos, conforme é, e bem,
referido num dos projetos de lei que o PCP apresenta hoje.
Efetivamente, existem diferenças importantes em comparação às outras forças e serviços de segurança em
Portugal, nomeadamente em relação à PSP, e, porque os projetos de lei que hoje aqui se discutem visam, de
alguma forma, uniformizar a garantia do exercício destes direitos e das condições do exercício das funções dos
elementos das forças e serviços de segurança, o Bloco de Esquerda é, na generalidade, favorável a estas
alterações.
No que respeita ao projeto de lei n.º 343/XIII (2.ª), são propostas alterações que visam a efetiva possibilidade
do exercício de representação das associações socioprofissionais da GNR, assim como a garantia da
disponibilidade necessária aos dirigentes destas associações, sendo operada uma aproximação ao que está
definido para a PSP, mas que suscitou, contudo, ainda recentemente, um conjunto de propostas de alteração,
na sequência da identificação de vários problemas e limitações.
O Bloco de Esquerda acompanha este projeto de lei, mas não deixará, em sede de especialidade, de
ponderar a necessidade de algumas alterações.
Relativamente aos outros projetos de lei em análise, da autoria do PCP e do PAN, respeitantes ao horário
de referência semanal e ao direito a férias, importa referir que correspondem e respondem a reivindicações
antigas da GNR mas também à reposição de justiça relativamente aos demais trabalhadores e trabalhadoras
portugueses.
O Bloco de Esquerda considera que o cumprimento do direito ao horário de referência semanal dos
elementos da GNR não pode, de forma alguma, ser limitado pela capacidade dos serviços no que respeita a
recursos humanos, nem alvo de interpretações abusivas, e sabemos que é isso que acontece.
Por fim, no que respeita ao direito a férias, alvo de tantas lutas e de tantos avanços e recuos ao longo da
história — e não nos podemos esquecer do abjeto ataque do Governo de direita ao direito às férias, à redução
que impuseram no direito ao descanso, à recuperação física e psíquica e à conciliação entre vida profissional e
vida familiar —, o Bloco de Esquerda acompanha, igualmente, a reposição do justo direito ao descanso e do
direito fundamental a férias dos profissionais da GNR.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Em nome do Grupo Parlamentar do CDS-PP, tem a palavra, para
uma intervenção, a Sr.ª Deputada Vânia Dias da Silva.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Sr. Presidente — a quem cumprimento —, Sr.as e Srs. Deputados:
As matérias que hoje aqui discutimos, a do exercício do direito de associação, a do direito a férias e a do horário
de trabalho dos militares da GNR, são relevantíssimas e devem, obviamente, convocar uma reflexão de todos
nós e também a nossa preocupação.
Este debate não pode esquecer três fatores que têm de estar sempre em cima da mesa e em cujo equilíbrio
é fundamental pensar: falo, obviamente e em primeiro lugar, dos interesses e dos direitos legítimos dos militares
da GNR nestas reivindicações; falo também da possibilidade fática e no terreno da implementação das soluções
apresentadas; e, além disso, falo da condição militar da GNR de que, obviamente, não devemos abdicar e pela
qual o CDS sempre pugnou.