16 DE DEZEMBRO DE 2017
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A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados:
A escola pública de qualidade para todos só pode existir para lá do papel e da declaração de intenções, com
professores valorizados, em número adequado e com condições de trabalho que assegurem o cumprimento da
Lei de Bases do Sistema Educativo e da Constituição da República Portuguesa.
Bem nos lembramos que o anterior Governo PSD/CDS teve um papel incontornável no agravamento do
recurso ilegal à precariedade, no corte dos salários e das remunerações dos docentes, na imposição de
instabilidade profissional, na fragilização da escola pública. Não esquecemos que o Decreto-Lei n.º 83-A/2014
acarretou desrespeito à graduação profissional na colocação de professores, existindo docentes que se viram
ultrapassados em 900 lugares, nem que a verdadeira intenção por detrás da não abertura de lugares no quadro
de agrupamento era, precisamente, a não vinculação dos professores.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Com a revisão do regime legal de concursos realizada em 2017 foram feitas
algumas correções de pontos negativos constantes do diploma anterior. Apesar disso, continuam a existir
normas gravosas para os docentes, normas que não beneficiam a estabilidade e o desenvolvimento da escola
pública.
A rutura com o rumo desastroso trilhado pela política de direita implica a necessidade de ir mais longe e mais
rápido na resolução dos problemas que diariamente são vividos nas escolas. E é por isso mesmo que o PCP
traz hoje esta proposta a discussão, consciente do calendário preciso que atravessamos.
A vinculação é fundamental para a estabilização do corpo docente e para a dignificação do trabalho docente.
Assim, consideramos que a atual norma-travão deve evoluir no sentido da vinculação automática na carreira de
todos os docentes que perfaçam três anos de serviço. A realidade demonstra que a norma-travão tem fomentado
a precariedade, pois os requisitos de verificação cumulativa são de tal modo exigentes que acabam por ditar
que poucos professores consigam vincular por essa via.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — O PCP sempre defendeu que a cada posto de trabalho permanente deve
corresponder um vínculo efetivo. Por isso, propomos a eliminação de todos os critérios limitadores da norma-
travão, que impedem que os professores ingressem na carreira quando desempenham funções permanentes,
e a abertura de vagas a concurso nacional, por lista graduada, em função de todas as necessidades identificadas
pelas escolas para horários completos que se verifiquem durante três anos consecutivos.
O PCP defende também que é preciso garantir que não haja violações ao critério de ordenação da graduação
profissional quando se trata da inclusão dos docentes dos quadros nas prioridades dos concursos interno e de
mobilidade interna, para que se evitem casos de tratamento desigual entre docentes.
Outras questões que abordamos passam pela necessidade de remuneração dos docentes contratados de
acordo com o previsto no escalão remuneratório que corresponda ao tempo de serviço efetivamente prestado;
pela diminuição da dimensão dos quadros de zona pedagógica e pelo fim da obrigação dos docentes de carreira
sem componente letiva serem opositores ao concurso interno.
Sabemos, Sr.as e Srs. Deputados, que há negociação em curso com os sindicatos, aliás, hoje mesmo, no
Ministério da Educação, mas consideramos que, no respeito por esse mesmo processo e sem o subverter, a
Assembleia da República tem hoje a oportunidade de também aqui abrir o debate, ouvir e procurar as soluções
em especialidade para os múltiplos problemas profissionais com que os professores e os educadores se
debatem diariamente nas escolas. O PCP está disponível para fazer isso mesmo.
Aplausos do PCP.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente José Manuel Pureza.