11 DE JANEIRO DE 2018
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A Sr.ª IsabelGalriçaNeto (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs.
Deputados: Retomamos hoje a temática da saúde dos portugueses, que está na ordem do dia, infelizmente,
pelas piores razões.
Já ontem aqui debatemos o tema, tendo o CDS lamentado que o Sr. Primeiro-Ministro faltou à verdade aos
portugueses sobre o atraso da reforma dos cuidados de saúde primários e sobre a abertura das USF em 2017.
Aliás, já hoje, o Primeiro-Ministro foi desmentido pelo Presidente da Associação Nacional das Unidades de
Saúde Familiares e, de facto, lamentavelmente, o CDS, mais uma vez, tinha razão.
O que o Sr. Ministro sabe é que 2017 foi o pior ano desde o início da reforma dos cuidados de saúde primários
e concordará que isso não se coaduna, em nada, com a pretensa prioridade para a saúde que o senhor e o seu
Governo querem ver reconhecidas.
A saúde não é — não é, repito — uma prioridade política para este Governo, há muito que o CDS o afirma e
lamenta-o porque, de facto, é a realidade, Sr. Ministro, e não qualquer perceção dela, que o confirma.
Sr. Ministro, ainda antes do pico da atividade gripal — repito, ainda antes — e com um número elevado de
doentes crónicos a recorrer à urgência, e esta é, aliás, uma realidade expectável e que deve ser devidamente
enquadrada, ouvimos falar de promessas de aberturas de camas, de planos de contingência.
Sr. Ministro, ontem, o Sr. Primeiro-Ministro anunciou aqui mais e mais e mais recursos humanos. Convirá
clarificar, hoje e aqui, de que se trata de médicos indiferenciados, médicos que pouco podem fazer para ajudar
numa situação como esta. E é também importante dizer que há enfermeiros em falta, e muitas vezes os
contratados são para suprir as falhas dos que estão de baixa.
Só as camas, Sr. Ministro, não tratam doentes, nem lhes conferem o conforto exigível para um tratamento
condigno.
Assim, para quando a contratação de mais 700 médicos especialistas — estes, sim, diferenciados — que
aguardam há mais de oito meses por um concurso? É bom lembrar que o CDS já o questionou sobre isto, em
novembro. Recorda-se do que disse em novembro, Sr. Ministro? Disse que estava por dias a abertura deste
concurso. Está para quando, Sr. Ministro? Sr. Ministro, se, de facto, se tivesse cumprido o que tinha anunciado,
e não cumpriu, talvez não tivéssemos esta realidade, a de profissionais exaustos por fazerem horas a mais, a
de doentes internados em macas no corredor horas a mais, a de um caos, que era expectável e que não deveria
estar a acontecer.
Como vai ser, Sr. Ministro, quando daqui a umas semanas tivermos, isso sim, o pico da gripe?
Já há muito que lhe dissemos, Sr. Ministro, que o senhor está refém do Ministro das Finanças e hoje temos,
infelizmente, razões para o repetir. Isto porque, Sr. Ministro, para além do défice e da dívida, é a qualidade dos
serviços públicos que hoje, aqui, discutimos, que é também um barómetro da qualidade governativa, e sobre
isto muito, mas mesmo muito, haveria a dizer aqui e em Bruxelas.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, peço-lhe para concluir.
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Estou a concluir, Sr. Presidente.
Face aos muitos problemas que ontem, também aqui, já elencámos, o Sr. Primeiro-Ministro, ontem, disse:
«Os portugueses que se habituem!». Aliás, infelizmente, de má memória! De má memória, Sr. Ministro!
O Sr. Presidente: — Tem mesmo de concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Portanto, para concluir, pergunto-lhe: o que vai fazer de concreto
para, pelos vistos com o apoio do Bloco de Esquerda e do PCP, mudar esta política?
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, peço-lhe que termine.
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Isto porque, de facto, nós e também os portugueses estamos muito
preocupados com promessas que não cumpre, com uma realidade que o CDS tem dito que tem de mudar e
esperamos que seja desta vez…
O Sr. Presidente: — Tem mesmo de concluir, Sr.ª Deputada.