1 DE MARÇO DE 2018
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O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Não foi, não foi! Cada coisa no seu sítio!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … mas presumo que tenha sido um deslize de estreia e não uma nova visão do
novo PSD sobre o sistema financeiro como um sistema tóxico na economia portuguesa.
Aplausos do PS.
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Não!
O Sr. Primeiro-Ministro: — As garantias que demos são as garantias que foram transpostas para o contrato.
Tanto o contrato como a realidade demonstram que o Novo Banco não foi vendido a custo zero, foi vendido a
um custo elevado para quem o comprou e que tem necessidade de proceder ao seu refinanciamento.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — E a contribuição do Estado?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Porque havia algum grau de incerteza por parte do comprador quanto ao custo
efetivo do que era necessário recapitalizar, o contrato prevê que, em certas circunstâncias, o Fundo de
Resolução possa ter de contribuir para a recapitalização do Banco.
Mas, por outro lado, ficou também assegurado por parte do Estado que o Fundo de Resolução, cuja dotação
é da responsabilidade dos bancos — repito, dos bancos —, pode beneficiar de um empréstimo por parte do
Estado mas nunca beneficiará de uma contribuição do Estado substitutiva da obrigação dos bancos.
Risos do Deputado do CDS-PP João Pinho de Almeida.
Do nosso ponto de vista, reconhecemos que o Estado até é generoso nas condições de empréstimo, de
forma a afastar a visão que alguns têm sobre o sistema financeiro e em relação ao que era a realidade do
sistema financeiro há dois anos.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Primeiro-Ministro, tem de terminar.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Termino já, Sr. Presidente.
Trata-se de um empréstimo e não de o Estado pôr dinheiro por conta dos privados.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Ah!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — Aliás, chamo a atenção para que se tivéssemos seguido a sugestão,
seguramente bem-intencionada, do Bloco de Esquerda de em vez de vendermos ficarmos com o Banco, hoje,
aquilo que estamos a emprestar não seria emprestado, estaríamos mesmo a colocar no capital do Banco.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Era nosso!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mais: aquilo que os acionistas privados já colocaram no capital do Banco,
estaríamos também nós a fazê-lo e aí não era empréstimo — repito, aí não era empréstimo, era mesmo um
investimento!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Era emprestado!
O Sr. Primeiro-Ministro: — E acho que, apesar de tudo,…
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Primeiro-Ministro, tem mesmo de terminar.