I SÉRIE — NÚMERO 53
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Vou mesmo terminar, Sr. Presidente.
Como estava a dizer, apesar de tudo e concordando com a Sr.ª Deputada Catarina Martins, na realidade que
tínhamos nunca haveria situações perfeitas. É preferível uma situação onde o risco está do lado do privado que
comprou, ainda que tenhamos de emprestar aos outros bancos o financiamento necessário, do que ter o risco
a correr exclusiva e integralmente por conta do Estado, porque aí é que ninguém nos ajudava. Assim, temos o
empréstimo dado, levaremos anos a cobrá-lo, seremos generosos na cobrança do crédito,…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Oh!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — … mas é um dinheiro que o Estado cobrará, porque o Estado tem uma enorme
vantagem sobre todos, sobre todos nós, sobre todas as empresas: é que estará cá sempre e é por isso que tem
sempre a possibilidade de vir a recuperar.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Primeiro-Ministro, tem de terminar.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, não queria terminar sem dar os parabéns ao Bloco de Esquerda,
que hoje festeja 19 anos de existência. É já uma maioridade consolidada, só deixou de ser jovem, mas boa sorte
para o resto da vida.
Aplausos do PS.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Jovens ainda somos!
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Já são maiores, têm de ter juízo!
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Passamos, então, ao CDS-PP. Para fazer perguntas ao Sr.
Primeiro-Ministro, tem a palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, permita-me que também comece por reforçar a
palavra que já dei, até publicamente, de reconhecimento ao Dr. Passos Coelho por todo o empenho e toda a
dedicação ao País e hoje desejar-lhe, essencialmente, as maiores felicidades pessoais e profissionais, e
também cumprimentar o Sr. Deputado Fernando Negrão pelas suas novas funções.
Sr. Primeiro-Ministro, em novembro do ano passado, o Sr. Ministro da Saúde fazia notícia com o pagamento
anunciado de 1,4 mil milhões de euros a fornecedores até ao final do ano — leia-se 2017.
Ora, a execução orçamental deste ano mostra-nos que o pagamento atrasado aos fornecedores voltou a
crescer. No final do ano, eram 837 milhões em dívida, em janeiro deste ano passaram a 951 milhões de euros.
Sr. Primeiro-Ministro, como explica esta evolução?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, creio que o Sr. Ministro passou a manhã de hoje
na Comissão Parlamentar de Saúde, onde explicou abundantemente esse ponto.
Do que me recordo de ter sido assumido como compromisso era o pagamento dessa dívida por duas formas,
uma diretamente e outra através do reforço dos capitais dos hospitais entidades públicas empresariais para que
procedessem ao seu pagamento, o que naturalmente impediria que fossem pagos nessa data porque, entre a
transferência das verbas para incorporação no capital, a incorporação no capital e a sua transformação em
pagamento das dívidas, haveria seguramente um deferimento no tempo.
Esse deferimento tem existido, mas o objetivo que está estabelecido é efetivamente a eliminação dessa
dívida, quer na primeira fase de reforço de capital, que foi feito, quer numa segunda fase, que será feito com