I SÉRIE — NÚMERO 68
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pública, ser possível repor as pensões devidas a pagamento, ser possível reduzir a carga fiscal, ser possível
diminuir a tributação sobre o trabalho, ser possível repor as 35 horas, ser possível repor os feriados que tinham
sido eliminados, ser possível haver dinamização do diálogo social, da concertação social e da contratação
coletiva, não obstante, haver crescimento económico, aumento do investimento, aumento das exportações e,
sobretudo, aumento do emprego.
Aplausos do PS.
Todos nos lembramos que, após o primeiro aumento do salário mínimo nacional, a bancada do PSD nos
perguntava quantos milhares de postos de trabalho iria custar esse aumento. Ora, aquilo que sabemos é que o
salário mínimo nacional subiu em 2016, subiu em 2017, subiu em 2018 e vai subir outra vez em 2019 e que
temos mais 288 000 postos de trabalho.
Aplausos do PS.
Aquilo que a história desta Legislatura demonstrou é que, no confronto com o modelo de desenvolvimento
da direita, a direita foi derrotada e o que venceu foi uma ideia muito clara e, hoje, transversal ao conjunto da
sociedade portuguesa, que é a ideia de que o nosso modelo de desenvolvimento tem de assentar na inovação.
Por isso, o investimento na cultura, na ciência e na educação, na formação profissional e na formação ao
longo da vida é absolutamente capital.
O investimento na transferência de conhecimento da universidade para os centros de produção é
absolutamente essencial. A inovação tecnológica e a modernização da gestão são absolutamente essenciais
para a melhoria da produtividade e é nessa trajetória que podemos conseguir que o País tenha,
sustentadamente, uma trajetória de convergência com a União Europeia, como, pela primeira vez, teve neste
século, no ano passado, quando, contra ventos e marés, foi possível demonstrar a possibilidade de termos
finanças públicas mais sãs, maior investimento na qualidade dos serviços públicos, maior reforço no
investimento e termos um crescimento económico e do emprego verdadeiramente sustentado. É esta a trajetória
que temos e que temos de prosseguir.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — É agora a vez do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, acho que não há ninguém que não se
lembre de quando Rui Rio chegou a Presidente da Câmara e, sobre cultura, decidiu parafrasear Goebbels e
dizer: «Quando ouço falar de cultura saco logo da máquina de calcular». Portanto, neste debate, da direita não
se espera nada.
Aplausos do BE.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, tivesse havido um aumento de 40% para a cultura no Orçamento do Estado e não
estaríamos a ter esta contestação. A contestação à política cultural é forte porque o Governo esteve mal.
O orçamento para a cultura é insuficiente e juntou no mesmo concurso o que dantes estava em vários. O
orçamento está pior distribuído porque mantém as assimetrias territoriais que já existiam e transfere verbas para
os municípios que dantes eram para as estruturas independentes. E o modelo de concurso é errado porque não
pondera a continuidade do trabalho das estruturas, porque a decisão chega ao meio do ano e não respeita quem
deveria apoiar.
A atuação do setor está a ser exemplar: solidária, digna, determinada. E o que exigem? Exigem que se
garanta já a reposição de montantes para que o funcionamento de estruturas em todo o País que dão acesso
ao teatro, à dança, à música, às artes visuais e a todas as artes não fique em causa, que se altere o modelo de
financiamento para respeitar quem trabalha e que se dê o lugar devido à cultura no Orçamento do Estado para