I SÉRIE — NÚMERO 68
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e só — e que agora o perdiam. Tratando-se de um novo modelo — e, como tudo o que é novo, deve ser avaliado
e potencialmente corrigido —, seria uma violência comprometer a continuidade do apoio a estas entidades que
o júri entendeu serem dele merecedoras e, portanto, decidimos alargar a dotação. Como algumas destas
entidades tinham à sua frente outras que anteriormente não tinham apoio mas a que agora o júri deu melhor
classificação, seria injusto que as que estavam atrás, só por serem antigas, ultrapassassem as novas, só por
serem novas. Por isso, alargámos o apoio também a essas entidades.
Assim, na lista que a Sr.ª Deputada conhece relativamente à lista que hoje será divulgada há um aumento
de 43 novas entidades em todo o País, que não estavam a ser apoiadas e que voltarão a sê-lo.
Pergunta-me se isto responde a tudo? Não, não responde a tudo, porque há duas situações a que não
responde. Em primeiro lugar, aquelas entidades que o júri, mal ou bem, decidiu que não eram merecedoras de
apoio. Se a Sr.ª Deputada se acha habilitada a substituir-se ao júri e decidir que uma companhia de teatro que
o júri decidiu que não merecia apoio merece esse apoio, a Sr.ª Deputada fará o seu juízo. Acho perigoso e não
gosto de uma democracia em que o poder político se substitui aos júris, plurais e independentes, na decisão
sobre quem deve ser apoiado.
Em segundo lugar, obviamente não estão cobertas aquelas outras entidades que, apesar de elegíveis, estão
para lá da verba alocada.
Mas pergunto-lhe, Sr.ª Deputada: qual foi o setor de atividade onde reforçámos em quase 70% o orçamento?
Qual foi? E todos os outros setores também carecem de aumento! Se começarmos a ver necessidade a
necessidade — e vamos esperar pelas suas próximas perguntas — só encontraremos, seguramente, outros
setores de atividade onde é necessário reforço orçamental.
É para isso que temos de continuar com a nossa política, para que a economia continue a crescer, o emprego
continue a crescer e o Orçamento continue a estar equilibrado, para que, cada vez mais, a dívida diminua e
possamos investir, cada vez mais e melhor, na qualidade dos serviços públicos e na qualidade dos bens públicos
que é necessário apoiar.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para prosseguir, tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, há um equívoco sobre o âmbito dos
concursos e está a comparar o que não pode ser comparado, porque foi alterado entretanto.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Oh!…
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Mas a sugestão que lhe faço é que ouça o setor, que já pediu para ser
recebido pelo Sr. Primeiro-Ministro. Receba-o. Temos um orçamento para preparar, para trabalhar e,
seguramente, ouvir quem conhece o setor seria importante para esse debate.
Sr. Primeiro-Ministro, queria perguntar-lhe sobre a regularização de precários nas universidades. Ouvi-o falar
da necessidade de uma economia não precária, inovadora e qualificada, mas, como sabe, nas universidades
públicas os números conhecidos mostram um boicote dos reitores à regularização da situação de investigadores
e docentes. A Universidade de Évora, onde o processo está concluído, houve zero vinculados. Dos números
gerais do País, apenas 20% dos investigadores e 4% dos docentes precários estão a ser integrados. E estão a
ser chumbados com os votos dos representantes do Governo, que se juntam aos reitores.
A pergunta que tenho para lhe fazer é a seguinte: quando as comissões de avaliação tiverem de reapreciar
os processos, agora na fase de audiência prévia, será que os representantes do Governo vão continuar a ser a
sombra dos reitores e a colaborar neste boicote ilegal do PREVPAP (Programa de Regularização Extraordinária
dos Vínculos Precários na Administração Pública)? Vai o Governo manter a precariedade de docentes e
investigadores no ensino superior ou vão corrigir o erro e cumprir a lei?
Como sei que tem pouco tempo para responder, junto mais uma pergunta sobre a área do trabalho, sendo
certo que terei outras sobre outras áreas:…
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — E nenhuma é sobre despesa, veja bem!