I SÉRIE — NÚMERO 68
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Sr. Primeiro-Ministro, estamos a falar de milhares de famílias em risco de despejo. Trata-se de um problema
que tem uma dimensão nacional, uma ameaça sem precedentes ao direito à habitação, e a minha pergunta é
se o Governo tem medidas para garantir a proteção destes milhares de famílias em risco real de perderem a
sua casa.
E como sei que tem pouco tempo para responder, aproveito para deixar já a última questão que tinha, para
concluir.
Discutimos, há exatamente um ano, a venda do Novo Banco e o Sr. Primeiro-Ministro garantiu, então, que a
venda não traria uma garantia pública. Sabemos que temos divergências sobre a solução que foi encontrada e
sabemos como a direita já enterrou 3900 milhões de euros no BES/Novo Banco.
Sr. Primeiro-Ministro, é agora anunciada uma nova conta de 798 milhões de euros e as pessoas têm o direito
a saber. Há um ano, disse que não haveria mais dinheiro público para o Novo Banco, e houve. E agora? Quanto
mais vai ficar na fatura dos contribuintes deste País para o Novo Banco?
Finalmente, Sr. Primeiro-Ministro, esta não é uma pergunta, até porque há 15 dias notou, e bem, que lhe falo
sempre do direito das longas carreiras contributivas à pensão antecipada.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, já ultrapassou oi seu tempo. Queira concluir, por favor.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Com isto, termino, Sr. Presidente.
Hoje, não falei deste tema, mas queria deixar a nota que não desistimos de ver o Governo fazer o que
prometeu para janeiro passado. E essa é a proposta que o Bloco de Esquerda trará ao Plenário na próxima
semana.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, faz bem em não desistir, porque
nós também não desistimos. Portanto, iremos cumprir, como temos cumprido.
Relativamente à Fidelidade, estamos a acompanhar o problema. Como sabe, uma das questões centrais do
Novo Regime do Arrendamento Urbano foi que o mesmo levou a precarização do mundo do trabalho para a
precarização do direito à habitação. Essa é uma das pesadas heranças que recebemos da maioria anterior.
Por isso, é necessário uma nova geração de políticas de habitação, que assegure habitação acessível. Esse
conjunto de medidas irá ser apresentado durante o mês de abril, em homenagem ao 25 de Abril e ao artigo 65.º
da Constituição da República Portuguesa, que consagra o direito à habitação como um primeiro direito.
O Sr. Presidente: — Já ultrapassou o seu tempo, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Em segundo lugar, relativamente ao Novo Banco, referi, no ano passado, que
não só não injetaríamos dinheiro no capital do Novo Banco como não daríamos garantia ao Novo Banco. E não
demos, nessa altura, nem o damos, agora.
O compromisso que assumimos, e cumprimos, foi emprestar ao Fundo de Resolução a verba que o Fundo
de Resolução terá de injetar, que recuperará dos bancos e que pagará ao Estado. E, portanto, o Estado
recuperará.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Daqui a 50 anos!
O Sr. Primeiro-Ministro: — A solução alternativa que algumas pessoas defendiam…
O Sr. Presidente: — Tem mesmo de concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Vou terminar já, Sr. Presidente.