6 DE ABRIL DE 2018
23
Em contrapartida a esta solução de empréstimo, a solução da nacionalização, muito defendida por algumas
pessoas, teria implicado termos injetado, efetivamente, no banco entre 4 e 4,7 mil milhões de euros e,
provavelmente, termos de antecipar para aquele momento todas as perdas, designadamente os mais de 1700
milhões de euros de perdas agora registados.
Este teria sido o custo da nacionalização.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Segue-se o Grupo Parlamentar do CDS-PP. Tem a palavra a Sr.ª Deputada Assunção
Cristas.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, na apresentação do Orçamento
do Estado para 2017, a redução da carga fiscal foi apresentada como uma grande bandeira do seu Governo das
esquerdas encostadas.
Verificou-se agora, afinal, que, em 2017, a carga fiscal aumentou — veja-se! — e fixou-se no valor mais
elevado dos últimos 22 anos.
Sr. Primeiro-Ministro, isto vem demonstrar — os dados são públicos, são oficiais — que o seu Governo não
virou a página da austeridade.
Queria saber que comentário é que tem a fazer a este falhanço rotundo dos seus objetivos nesta matéria.
Vem, desta vez, reconhecer que o CDS tinha razão quando, nesse debate, disse, e bem, que o seu Governo
dava com uma mão aquilo que, depois, vinha a tirar com as duas?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Assunção Cristas, o Sr. Ministro das Finanças já
teve oportunidade de explicitar detalhadamente, em sede de comissão parlamentar, que o aumento da receita
fiscal se explica, essencialmente, por um grande crescimento da economia e, sobretudo, por um grande
crescimento do emprego. Explica-se assim e não pelo facto de tirarmos mais com uma mão do que aquilo que
damos com outra mão.
Mas como sei que V. Ex.ª gosta de gráficos, vou recordar-lhe um gráfico que já há dois anos não lhe mostrava
e que dá conta do seguinte: em 2016, a devolução de rendimentos aos cidadãos totalizou 1328 milhões de euros
e, em contrapartida, o aumento da cobrança de receita foi de 655 milhões de euros, o que significa um saldo
claramente positivo a favor dos cidadãos.
No ano passado, foi ligeiramente diferente, porque a devolução de rendimentos aos cidadãos já só foi de 680
milhões de euros e aquilo que foi tributado a mais aos cidadãos foram 310 milhões de euros. Mas, ainda assim,
o saldo foi favorável aos cidadãos em mais de 370 milhões de euros.
Este ano, a tributação aumenta em 150 milhões de euros e a devolução de rendimentos aos cidadãos
aumenta em 982 milhões de euros.
Portanto, a Sr.ª Deputada tem razão: temos duas mãos, uma dá e outra tira. A vantagem que temos é que
aquela que dá, dá muito mais do que aquela que tira.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, vou fazer três citações, só três,
do seu Ministro das Finanças, na discussão do Orçamento do Estado para 2017: «Não há aumento de impostos,
há queda da carga fiscal»; «Tudo isto se consegue reduzindo a carga fiscal»; «O que há é uma manutenção da
política de redução da carga fiscal».
Também o Ministro da Economia referiu: «Há uma redução da carga fiscal».