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7 DE ABRIL DE 2018

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Aliás, é o próprio Comité que, no Relatório que apresentou, recomenda o reforço de pessoal nesta área e

pugna também pela garantia de que exista sempre alguém presente nas prisões com formação em suporte

básico de vida.

Não vale a pena, Sr.as e Srs. Deputados, virem sempre com a lengalenga estafada de que a culpa é do

Governo anterior. A cassete já esgotou e os senhores governam há três anos!

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. António Filipe (PCP) — Quem disse isso? Não fomos nós!

A Sr.ª Andreia Neto (PSD): — A verdade, Sr.as e Srs. Deputados, é que a explanação da Ministra da Justiça

a este respeito foi, de facto, muito curta e não ofereceu uma visão a longo prazo, o que avoluma, naturalmente,

as nossas preocupações.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada, por favor.

A Sr.ª Andreia Neto (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.

Mas vamos diretamente à questão. Pergunto às Sr.as e aos Srs. Deputados se para um recluso importará

realmente que aquele que lhe presta cuidados de saúde é funcionário do Estado ou de uma empresa privada,

ou aquilo que realmente o preocupa e lhe importa é se o seu prestador é qualificado e o tratamento adequado?

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Vânia Dias da

Silva, do CDS-PP.

A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Este projeto de lei do PCP

e os projetos de resolução do BE e do PAN retratam um dos problemas mais sérios e crónicos do nosso sistema

prisional.

O sistema prisional português vê-se confrontado há muitos, muitos anos com problemas como a falta de

guardas, as condições de segurança cada vez mais precárias, a inexistência de reinserção social, a destruição

do edificado — com relatos que todos conhecemos da presença de ratos e celas frias, escuras e húmidas — e

também a degradação da prestação dos cuidados de saúde. É sobre este último ponto que hoje se concentram

as iniciativas aqui em causa.

O problema está bem identificado e não é recente, arrasta-se e eterniza-se há demasiados anos e há

demasiados anos que todos identificamos o problema e ninguém faz nada para o resolver.

O CDS tem chamado, consecutivas vezes, a atenção para a situação dramática que se vive no nosso sistema

prisional, alertando, por diversas vezes, a Sr.ª Ministra da Saúde para a questão da medicação, que é dada por

guardas, como dizia há pouco o Sr. Deputado António Filipe; para os 200 exames de saúde que não se fizeram

no ano passado porque, pura e simplesmente, não há guardas para conduzirem os reclusos para a realização

desses exames; e para a reinserção social que não se faz, ou faz-se mal, porque a média aconselha que cada

técnico de reinserção social acompanhe 50 reclusos e está a acompanhar cerca de 150 a 200 reclusos. Portanto,

este estado de coisas é conhecido, todos o conhecemos e é dramático.

Por isso mesmo, recentemente, apresentámos dois projetos no sentido de se fazer um relatório anual com o

retrato do sistema prisional e também uma lei de programação para o investimento no edificado e nos recursos

humanos das prisões. Aguardaremos pela conclusão do processo legislativo.

Porém, questionada sobre isto mesmo, a Sr.ª Ministra diz, invariavelmente, que está tudo previsto, e di-lo a

todas as bancadas deste Parlamento. Diz que vão entrar mais 400 guardas, mais enfermeiros, mais técnicos de

reinserção social, vão ser feitas obras, vai ser feita uma lei da programação, enfim, diz que está tudo previsto,

que não há problema e tudo vai acontecer.