I SÉRIE — NÚMERO 69
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O problema é que estamos em 2018 e nada! Não temos nada, no sistema prisional, que tenha acontecido
até ao momento, de tal maneira que força os partidos que apoiam o Governo a apresentar iniciativas várias
neste domínio.
Sabemos que o problema não irá resolver-se de um dia para o outro, sabemos que quanto mais tempo passa
mais se agrava, mas também sabemos que a solução não pode ser a do 8 ou 80. O problema da precariedade
é um problema sério, que tem de ser combatido e ao qual não somos alheios, mas sabemos que as coisas não
se constroem todas num dia e, portanto, têm de ser tratadas com alguma cautela.
É evidente que há situações excecionais que podem ditar a contratação por outsourcing, e proibi-lo, como
regra, para nós, não faz sentido. Para nós, o que faz sentido é o que propõem quanto ao sistema ser dotado
com mais meios e funcionar, tendencialmente, com meios próprios. Isso, para nós, faz sentido; proibir, tout court,
é que não, porque achamos que há situações excecionais que podem ditar esse recurso.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada, por favor.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Não enjeitamos esse problema, sabemos que ele existe e é sério.
Não vamos passar ao lado dele e contribuiremos para que, desta vez, o Governo tome as devidas precauções
e, pelo menos nisto, o problema não se arraste e eternize mais do que já tem vindo a eternizar-se.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, este debate, do nosso ponto de vista, está
a revestir-se de alguma bizarria. É que a reação das bancadas do PSD e do CDS é que o sistema prisional está
péssimo e, quando se propõe algo para o melhorar, dizem: «Não, isso não. Está péssimo mas está bem como
está, deixem estar. Isto não pode ser assim, não pode ser com medidas dessas!».
Temos os guardas a dar os medicamentos aos reclusos. O PSD e o CDS dizem: «Ah, isso é péssimo!» Mas,
quando se propõe uma medida para acabar com essa situação, dizem: «Não, isso também não pode ser assim».
E a posição do PS, é preciso dizê-lo, não é menos bizarra. É que diz a Sr.ª Deputada Eurídice Pereira: «Mas
nós temos um Código da Execução de Penas e Medidas Privativas da Liberdade, de 2010, que é ótimo». É o
que se vê, é o que se vê! Ou seja, o Código é tão bom que nós assistimos àquilo a que assistimos nos serviços
prisionais.
E vêm dizer-nos: «Mas não é preciso tomar medidas porque o Governo encarregar-se-á de o fazer». É o que
se tem visto, é o que se tem visto!… É com enfermeiros a serem contratados a 3,5 €/hora, por empresas que
não cumprem aquilo a que estão obrigadas.
Portanto, quando se vem propor…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Toda a gente reconhece que o sistema prisional está péssimo e tem de ser melhorado. Mas quando
aparecem propostas concretas de melhoramento, então, dizem: «Isso aí já não, preferimos que tudo fique na
mesma».
É lamentável! É um debate que se reveste de alguma bizarria, Sr. Presidente.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado José
Manuel Pureza.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, no encerramento deste debate, quero
sublinhar a convergência de todas as bancadas na denúncia de que a situação, tal como está, é absolutamente