I SÉRIE — NÚMERO 69
38
em tribunal; e, terceiro, numa atitude de arrogância, em vez de corrigir o erro com uma solução justa e adequada
que minimizasse as perdas dos docentes e da comunidade educativa, decidiu, incompreensivelmente, aprovar
um concurso que não resolve o problema que o próprio Governo criou.
Aplausos do PSD.
Trata-se de uma situação indefensável face aos valores de serviço público que, infelizmente, realça uma
atitude absolutamente inaceitável para quem, Sr. Ministro e Sr.ª Secretária de Estado, tem responsabilidades
máximas na educação em Portugal.
O PSD acompanhou de perto a situação ao longo destes meses, ouvindo as pessoas, questionando
sucessivamente o Governo, alertando para a necessidade de correção da justiça. Neste percurso, o PSD não
esteve sozinho, não esteve sozinho no Parlamento e não esteve sozinho na sociedade civil, onde outras vozes
se levantaram a clamar pela correção do erro.
Por isso, quando, em fevereiro deste ano, o Governo aprova um diploma que não vem resolver o problema
dos professores, os chamados «lesados de 25 de agosto», antes, consolida as injustiças criadas no concurso
de 2017, quando, em relação a esse diploma, o Sr. Presidente da República assume suscitar-lhe reticências
quanto às expetativas dos docentes na correção dos problemas, perante estas condições, o Partido Social
Democrata só pode, coerentemente, solicitar a apreciação parlamentar do diploma.
No âmbito das competências constitucionais do Parlamento, importa esclarecer aqui que o que é imperdoável
neste processo não é o erro, pois todos erramos e um erro pode ser uma excelente oportunidade de melhoria.
Sr.ª Secretária de Estado, o que é imperdoável por parte do Governo neste processo são três atuações.
A primeira é a atitude de negação do erro.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Margarida Mano (PSD): — Dizer que não se errou porque se cumpriu a lei, esquecendo que a lei está
ao serviço das pessoas e que ao fazerem-se escolhas na sua aplicação se podem criar injustiças, não é ser um
bom dirigente. A dúvida ajuda a humanizar a ação.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Margarida Mano (PSD): — A segunda é a violação do princípio de que o Estado é uma pessoa de
bem, um princípio essencial à confiança no contrato social de uma sociedade democrática e livre. O parecer do
Provedor de Justiça é muito claro ao considerar que os princípios de justiça e boa-fé exigiam que fosse dado
conhecimento atempado de todas as regras aos professores e que, portanto, o concurso foi inadequado e injusto
para alguns professores. A violação deste princípio já o Ministério tinha feito, em 2016, com os contratos de
associação, ao não honrar contratos assinados pelo Estado.
Aplausos do PSD.
Protestos do PS e da Deputada do BE Joana Mortágua.
O terceiro e último aspeto é a completa insensibilidade às pessoas: aos professores — vimos professores
com filhos pequenos a chorar pela situação de deslocalização criada —, às famílias e à comunidade educativa
em geral.
O PSD confia que o Parlamento cumpra a sua função de salvaguarda de um Estado de bem, dando ao
Governo um aviso e ao País um sinal de confiança.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ilda Araújo Novo para uma intervenção.