I SÉRIE — NÚMERO 69
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Para o efeito, foram efetuadas várias audiências com algumas entidades, desde a APRITEL (Associação dos
Operadores de Comunicações Eletrónicas), a DECO (Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor)
ou a ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações), de modo a constatar a profundidade necessária de
toda esta realidade.
Este processo está, neste momento, em curso, mas já é possível concluir que há muito trabalho para fazer,
envolvendo os principais players do setor, incluindo a ANACOM, de modo a garantir o que nos parece
absolutamente essencial, isto é, mais qualidade nos serviços prestados, um melhor equilíbrio na oferta versus
preço para o consumidor e mais transparência na comunicação com os clientes.
Temos consciência da complexidade do que está em causa, mas não podemos deixar de sublinhar que este
debate é oportuno e indispensável, que as propostas apresentadas pelos diferentes partidos merecem ser
devidamente equacionadas, e não perder a oportunidade de um largo consenso em torno de uma reflexão sobre
a emergência de uma lei mais ajustada aos interesses dos consumidores e do mercado.
Sr.as e Srs. Deputados, o PS foi pioneiro no lançamento deste debate e não fugirá às questões essenciais.
Nesta fase, apresentamos este projeto de resolução, que recomenda ao Governo que adote as medidas
necessárias para implementar uma ficha de informação simplificada nos contratos de comunicações eletrónicas
para que se acabe de uma vez por todas com aqueles contratos extensos e de letras pequeninas em que tantas
portuguesas e tantos portugueses já se viram prejudicados. Resolver este problema é o primeiro passo para
promover a transparência e a confiança junto dos consumidores.
O Sr. JoãoPauloCorreia (PS): — Muito bem!
O Sr. HugoPires (PS): — Contudo, sabemos que ainda não chega. Há mais questões para reflexão, nas
quais, naturalmente, os contratos de fidelização também estão incluídos.
Na verdade, os contratos de fidelização das comunicações eletrónicas são daquelas matérias em que,
provavelmente, a maioria dos portugueses tem reparos a fazer.
É inegável que persiste um alto grau de conflitualidade entre operadoras e consumidores, ao qual nenhum
de nós, nesta Câmara, pode ficar indiferente.
A qualidade do serviço prestado, ou, por vezes, a falta dele, e os diferendos relativamente aos contratos de
fidelização são matérias sobre as quais o poder legislativo tem de ter um olhar atento.
São evidentes as relações de vulnerabilidade dos consumidores relativamente às operadoras. Por isso, nesta
questão, a prioridade do Partido Socialista — já o dissemos, e voltamos a repetir — será sempre a de reforçar
a proteção dos consumidores.
Como é evidente, no plano do ideal, todos concordamos que o prazo das fidelizações deveria reduzir e, por
consequência, os custos referidos dos contratos deveriam também ser mais baixos.
Sr.as e Srs. Deputados, esta discussão hoje pode representar o ponto de partida que nos permitirá encontrar
o equilíbrio certo entre os custos cobrados e a qualidade do serviço prestado.
Contudo, não nos parece adequado que qualquer alteração à lei das comunicações venha a comprometer
os investimentos nas redes ou serviços oferecidos, podendo, assim, prejudicar a disponibilização dos novos
serviços, inovações e tecnologias.
É esse o desafio a que a Assembleia da República tem de responder, sem colocar em causa o funcionamento
do mercado e, sobretudo, sem correr o risco de provocar aumentos nos custos ou uma redução na qualidade
dos serviços prestados.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Joel Sá.
O Sr. JoelSá (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Voltamos hoje a discutir a Lei das
Comunicações Eletrónicas, que está presente no dia a dia de todos os portugueses.
Relembro que as comunicações eletrónicas são um dos tipos de serviços públicos essenciais previstos na
lei.