I SÉRIE — NÚMERO 69
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O Sr. Presidente: — Para uma segunda intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Paulino Ascenção.
O Sr. PaulinoAscenção (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Fica claro, mais uma vez, que para o CDS
e para o PSD a defesa dos consumidores e a defesa dos trabalhadores são um obstáculo à economia. No vosso
entendimento, a economia serve apenas os lucros dos acionistas e das grandes empresas.
Aplausos do BE.
O Sr. EmídioGuerreiro (PSD): — Vocês querem aumentar os preços!
O Sr. PaulinoAscenção (BE): — Ora, é um facto que esta é uma matéria complexa, que a realidade é
dinâmica e que os operadores são muito criativos em encontrar novos caminhos para atingirem os seus
propósitos, e é isso que justifica a frequência das alterações à lei para voltar a introduzir justiça.
É óbvio que há custos específicos e genéricos num contrato, pelo que é necessário haver um conceito, que
é o «regular fornecimento do serviço». E o custo do regular fornecimento do serviço deve ser idêntico,
independentemente de haver ou não fidelização, independentemente do prazo de fidelização. Esses custos
específicos, que justificam a fidelização, devem ser discriminados e, estando completamente amortizados, não
há justificação para que continuem a ser cobrados.
E, Srs. Deputados, não entendemos, não aceitamos que seja condição de haver investimentos e de haver
inovação a existência de contratos com períodos de fidelização, porque em outras atividades não há fidelização,
os consumidores não estão amarrados e não deixa de haver inovação e não deixa de haver dinamismo nessas
outras atividades.
A defesa do consumidor é fundamental. A transparência, a certeza e a segurança dos consumidores cria
uma relação, como foi reconhecida, muito assimétrica que justifica que a lei também seja criteriosa e rigorosa.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem ainda a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Julgo que as intervenções
que aqui foram feitas deixaram muito claras as posições dos diversos grupos parlamentares, e o PSD e o CDS
tomaram, nitidamente, o partido das operadoras e não querem saber dos direitos dos consumidores.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente! É o que está em causa!
Vozes do PSD: — Não é nada disso!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — E isso ficou mais do que claro.
O PSD diz que a questão do período de fidelização, que é uma questão que massacra os consumidores, não
é uma questão principal e o CDS — veja-se bem! — está muito preocupado pelo facto de estarmos a alterar
muitas vezes a lei.
Sr. Deputado Hélder Amaral, eu não tenho problema nenhum em alterar 100 vezes uma lei se for preciso,
mas a nossa obrigação, como legisladores, é fazermos as leis, estarmos atentos…
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — E ser competentes e não baralhar!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — … ao que resulta da aplicação da lei e irmos fazendo ajustamentos
na lei no sentido de proteger aquilo que queremos proteger.
É evidente que se há um problema nítido, se as operadoras subverteram completamente o espírito da lei
relativamente ao período de fidelização e aos custos daí advenientes, é evidente que a Assembleia da República
não pode fechar os olhos e deve ajustar a lei no sentido de proteger os interesses dos consumidores.