I SÉRIE — NÚMERO 95
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Esta iniciativa não cumpre o que foi prometido: o IMI passa a ter um enquadramento diferente do que foi
anunciado, e que constava no anteprojeto desta proposta de lei, sendo que só os imóveis devolutos do Estado
é que irão pagar IMI, os restantes continuarão isentos, e não era isto que estava prometido; baixa a incidência
do IVA elegível para 5%, sendo que, inicialmente, estava estimado que esta verba podia chegar a cerca de 750
milhões de euros anuais e, agora, limita-se apenas a 46 milhões de euros; o mesmo princípio deve ser
igualmente aplicado à receita decorrente do fim da aplicação da isenção do IMI aos imóveis do Estado, sendo
que sobre esta matéria o Governo baixou a base de incidência, só incluindo imóveis devolutos do Estado, o que
implica uma perda de receita, estimada em 200 milhões de euros.
Sr. Ministro, o PSD está e continua a estar de boa fé nesta discussão, por isso tem a expectativa de que este
processo avance, e também nós estaremos empenhadíssimos em ajudar a que isso aconteça.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, em nome do Grupo
Parlamentar do CDS-PP, o Sr. Deputado Álvaro Castello-Branco.
O Sr. Álvaro Castello-Branco (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados: Quando discutimos aqui, neste Parlamento, as iniciativas do Governo e dos diversos partidos sobre
a descentralização, no dia 15 de março de 2017, o CDS afirmou, desde logo, ser favorável a um processo de
descentralização de competências para as autarquias locais, desde que ficassem assegurados todos os meios
— técnicos, de pessoal e de financiamento — para o cumprimento daquelas funções pelas autarquias.
Assim, e como bem refere o parecer da Associação Nacional de Municípios Portugueses sobre esta iniciativa
do Governo, o processo de descentralização envolve três peças fundamentais e complementares entre si: a lei-
quadro; os diplomas setoriais e a Lei das Finanças Locais. Cada uma destas peças fundamentais deve ser
discutida, estudada e desenvolvida simultaneamente. No entanto, este processo tem sido desenvolvido a conta-
gotas pelo Governo e sem ser precedido de uma análise e estudos profundos que a questão não pode deixar
de suscitar.
O que verificamos, com a apresentação desta proposta do Governo sobre as finanças locais, são as mesmas
falhas e as mesmas faltas, ou seja, esta iniciativa não foi acompanhada de quaisquer estudos, documentos e
pareceres que a tenham fundamentado ou de qualquer análise prévia de avaliação do seu impacto, muito
importantes para uma análise mais completa e profunda da mesma.
Sr.as e Srs. Deputados: No início da Legislatura, em dezembro de 2015, o Governo anunciou o fim da
austeridade, mas esse anunciado fim não chegou às autarquias locais.
Apesar da conjuntura atual, quer nacional quer internacional, e do processo de descentralização que o
Governo diz querer muito concretizar, o certo é que os vários Orçamentos do Estado, já apresentados pelo
Governo PS, não cumprem a Lei das Finanças Locais no que se refere à repartição dos recursos financeiros
entre o Estado, as autarquias e as entidades intermunicipais, e o Governo também não prevê cumpri-la no
próximo ano.
Por outro lado, não se compreende a opção do Governo — aliás, discordamos dela frontalmente —, de retirar
do Fundo de Coesão Municipal a participação em 5% do IRS.
De facto, numa altura em que a coesão territorial é essencial para o desenvolvimento do País, principalmente
do interior, constituindo as autarquias locais um veículo essencial para o cumprimento desse desígnio e
afirmando o Governo repetidamente que a descentralização de competências para os municípios é essencial
para uma verdadeira coesão social e territorial, o certo é que propostas como esta não se mostram coincidentes
com aquela coesão, podendo, eventualmente, vir a vincar ainda mais a dicotomia interior/litoral, não criando as
condições necessárias para que as autarquias situadas nas regiões menos desenvolvidas do País possam,
efetivamente, exercer novas competências e desenvolver-se.
Sr.as e Srs. Deputados: Depois de meses de espera pela proposta do Governo sobre as finanças locais, o
que temos? Temos um grande recuo desta proposta relativamente ao anteprojeto que o Governo apresentou, e
este recuo significa, necessariamente, a perda de muitos milhões de receitas para as autarquias.