I SÉRIE — NÚMERO 96
30
Entendamo-nos — e, já agora, isto também é extensível ao PSD: ou este Governo respeita os direitos dos
trabalhadores que prestam cuidados de saúde aos portugueses no SNS (Serviço Nacional de Saúde) ou não
respeita; o que não podem fazer é acusar o Governo de fazer as duas coisas em simultâneo. Portanto, se de
enfermeiros e de todos os trabalhadores que prestam cuidados de saúde no SNS, sejam claros e digam-no
claramente aqui, no Parlamento.
Aplausos do PS.
Não digam é uma coisa e o seu contrário, tentando cavalgar o descontentamento que existe — e não o
negamos — com propostas que não fazem sentido porque são internamente contraditórias.
Este Governo, nessa matéria, foi sempre claro: disse ao que vinha no seu programa eleitoral, disse ao que
vinha no Programa do Governo e tem executado escrupulosamente e cumprido todas as promessas que
assumiu nas eleições, que assumiu quando este Governo foi formado, que tem assumido em cada ano desta
Legislatura e que continuará a assumir com rigor e responsabilidade até ao final desta Legislatura.
O Sr. Carlos César (PS): — Muito bem!
O Sr. João Galamba (PS): — É mau exemplo que os outros partidos, sobretudo partidos que assumiram
funções governativas no passado, não sigam o bom exemplo deste Governo e não tenham, pelo menos, o pudor
de respeitar e perceber exatamente o que este Governo prometeu e está a concretizar. É pena que não o façam,
mas é verdade que este Governo está a fazê-lo, e devemos assinalá-lo.
Aplausos do PS.
Sobre o tema que aqui nos trouxe, Sr. Primeiro-Ministro, antes de discutir se o dinheiro chega, se não chega,
se as prioridades são certas, se não são certas, quais são os desafios que enfrentamos, há uma coisa que todo
este Parlamento devia aceitar: a realidade que existe. Não podemos partir para uma discussão sobre
negociações, sobre insuficiências, sobre o que temos de fazer mais sem perceber qual é a realidade e o contexto
em que esta negociação ocorre.
Esta negociação não ocorre num contexto com todos os Estados-membros que sempre tivemos, esta
negociação não ocorre com uma manutenção das responsabilidades financeiras da União Europeia (UE). Esta
negociação ocorre num contexto inédito, num contexto em que, pela primeira vez, há um Estado-membro que
deixou de o ser e em que, pela primeira vez, há um conjunto de responsabilidades que não o eram e que
passaram a sê-lo.
Não há nenhuma discussão séria sobre o pacote financeiro, sobre a proposta da Comissão e sobre a posição
do Governo português que não parta da realidade, que é o reconhecimento do contexto em que a negociação é
feita. Sem isto, não dá para criticar o Governo português, não dá para elogiar o Governo português, não dá para
ter uma discussão séria sobre esta matéria.
Há menos um contribuinte líquido na União Europeia e há mais responsabilidades e, portanto, das duas uma:
ou há cortes para todos — ou cortes para a maioria, que têm de ser distribuídos mas que têm de existir — ou,
então, tem de haver novas fontes de financiamento. Ora, é também por essa razão que é incompreensível, mais
uma vez, a posição do CDS e também do PSD, mas sobretudo do CDS. O CDS não pode exigir ao Governo
português uma coisa que não está na capacidade do Governo português, que é mandar nos orçamentos dos
outros Estados-membros. O Governo português pode tentar negociar com a Alemanha, com a França, com a
Itália, pode tentar negociar com todos, mas há uma coisa que não pode fazer, que é mandar, unilateral e
soberanamente, nos orçamentos dos outros Estados-membros. Nem Portugal manda nos orçamentos dos
outros nem os outros mandam nos orçamentos de Portugal.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Isso já é discutível!