I SÉRIE — NÚMERO 97
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Vejo alguns Deputados do Partido Socialista a abrirem muito os braços, a falarem muito alto, porque querem
substituir, em voz, o que perdem em razão, ao falarem dos mais pobres e dos mais desfavorecidos.
Queria dizer-vos muito claramente o seguinte: em Portugal, metade dos portugueses não paga IRS. Se o
IRS descer, estas pessoas não serão afetadas por isso, mas todas elas, direta ou indiretamente, pagam o
imposto sobre os combustíveis. No interior do País, uma família pobre tem de ter um carro próprio; no litoral,
nas grandes áreas urbanas, quem anda de transportes públicos está a pagar mais 4%, acima da inflação. E isso
deve-se também à cegueira do Partido Socialista, deve-se à injustiça fiscal que este imposto encerra, porque é
um imposto cego do ponto de vista fiscal: paga de igual forma o pobre e o rico, o remediado ou a classe média.
É também essa injustiça que queremos começar a corrigir.
Sr.as e Srs. Deputados, termino dizendo apenas o seguinte: é a quinta vez que o CDS traz este diploma ao
Parlamento; desde a primeira hora, desde fevereiro de 2016, que contestámos sempre esta sobretaxa, esta
«taxa Costa», este «imposto Partido Socialista», contestámo-la sempre, em todos os Orçamentos, aqui, no
Plenário da Assembleia da República.
Vamos, já de seguida, exercer livremente o nosso direito de voto. Este estado de coisas pode começar, agora
mesmo, a mudar. Nós, com o nosso voto — e isto é também um apelo à bancada do Partido Socialista —, e as
Sr.as e os Srs. Deputados do Partido Socialista, com o vosso voto, podemos ajudar o Partido Socialista e o
Governo a honrar a palavra que deu. Vamos ver como se comportam, já de seguida.
Aplausos do CDS-PP.
Entretanto, reassumiu a presidência o Presidente, Eduardo Ferro Rodrigues.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, chegámos ao final do debate da ordem do dia de hoje…
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Sr. Presidente, peço a palavra.
O Sr. Presidente — Para que efeito, Sr. Deputado?
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Sr. Presidente, é para uma interpelação à Mesa, porque o Sr. Deputado Pedro
Mota Soares, pela sexta vez, insiste em mentir sobre a questão relacionada com a neutralidade fiscal.
Protestos do CDS-PP, tendo os Deputados batido com as mãos nos tampos das bancadas.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem de justificar a interpelação. Qual é o objetivo da interpelação?
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Sr. Presidente, eu queria pedir que fossem distribuídas as seis portarias,
consequência dos Orçamentos, nas quais, apenas em 2016, se fala em neutralidade fiscal.
Aplausos do PS.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, peço também a palavra.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado Pedro Mota Soares, faça favor.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, peço a palavra para uma interpelação à Mesa, se
me permitir.
O Sr. Presidente: — Faça favor.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, peço que sejam distribuídos dois documentos: a
primeira portaria do Governo que dizia claramente que o imposto era de 88 cêntimos e, neste momento, é de