18 DE OUTUBRO DE 2018
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Estivemos no terreno. Quantas zonas agrárias viram o seu funcionamento reforçado? Nenhuma! Quantos
serviços públicos foram reabertos? Nenhum! Pelo contrário, prossegue o encerramento de estações dos CTT
(Correios de Portugal) e de escolas do 1.º ciclo.
É necessária uma política alternativa de escoamento a preços justos da produção dos pequenos produtores,
é necessária uma outra política agroflorestal, é necessária uma PAC (política agrícola comum) compatível com
a agricultura familiar e o mundo rural do minifúndio, é necessário um efetivo desenvolvimento regional com
investimento na atividade agrícola e florestal.
E no terreno, o que há? Que medidas destinadas à pequena agricultura e pecuária? Não há nenhuma medida
nova!
Uma das consequências dos incêndios, agora bem visível, é a regeneração natural de milhares e milhares
de eucaliptos. Não só a partir das árvores queimadas, mas também pela sua capacidade de projeção de
sementes, o que se vê no terreno é que o eucalipto cresce descontroladamente, tornando-se na árvore
dominante em todas as áreas queimadas. Também aqui se está apenas a ver crescer eucaliptos, a ver e a
empurrar as responsabilidades para cima dos agricultores.
Para o PCP, o Governo não está a responder aos problemas da floresta portuguesa. O pior é que, como o
Governo está convencido de que está no caminho certo, tarde ou nunca tomará o rumo. E o resultado? O
resultado é o que se conhece: de cada ano que passa, o desastre e a catástrofe acontecem, como já aconteceu
este ano em Monchique.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Como se não bastassem as graves consequências dos incêndios, uma outra
calamidade veio atingir tão fustigada região — referimo-nos à passagem do tufão Leslie por Portugal no sábado
e domingo passados.
O PCP manifesta a sua solidariedade com as populações afetadas face à dimensão dos prejuízos,
particularmente em explorações agrícolas, em edifícios e em infraestruturas, mas também devido aos impactos
sociais que eles colocam.
Agora é hora de se fazer um rápido levantamento dos prejuízos e definir as linhas de apoio necessárias ao
célere restabelecimento de serviços públicos e sociais e de elementos fundamentais ao funcionamento coletivo
ou de estruturas produtivas.
De destacar a absoluta prioridade que deve ser dada à reposição do abastecimento de energia elétrica,
essencial também para o abastecimento de água, bem como de todas as comunicações, pelos impactos que tal
comporta no dia a dia das populações.
Nesse sentido, importa que se criem condições para a simplificação de processos que assegurem a rápida
reposição do potencial produtivo e o apoio a perdas significativas de rendimentos, particularmente para
pequenos e médios empresários e agricultores.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado João Dias, a Mesa registou a inscrição, para pedir
esclarecimentos, de quatro Srs. Deputados.
Como pretende responder?
O Sr. JoãoDias (PCP): — Dois a dois, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sendo assim, para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr.
Deputado José Manuel Pureza, do Bloco de Esquerda.
O Sr. JoséManuelPureza (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado João Dias, queria,
em nome do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, associar-me às palavras que acabou de proferir em
geral, mas, muito particularmente, às que proferiu na fase final da sua intervenção, em que a sua atenção foi
dirigida para os efeitos devastadores da passagem da tempestade Leslie sobre a região Centro do País,
designadamente, sobre Coimbra, distrito pelo qual fui eleito Deputado.
Quero, portanto, expressar aqui também, em nome do meu Grupo Parlamentar, uma solidariedade muito
sentida com as populações, com as pessoas, com as unidades económicas, designadamente com as pequenas