18 DE OUTUBRO DE 2018
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disse, face às dúvidas que têm recentemente sido suscitadas, que até ontem o Fundo REVITA não tinha
recebido qualquer denúncia completa. Não acha estranha esta informação?
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Dias.
O Sr. JoãoDias (PCP): — Sr.ª Presidente, quero agradecer, antes de mais, as perguntas que me foram
colocadas pelos Srs. Deputados José Manuel Pureza e João Castro.
Sr. Deputado José Manuel Pureza, o PCP, apesar de ter trazido a questão da devastação causada por este
furacão no fim-de-semana, está preocupado, acima de tudo, com mais uma ocorrência catastrófica numa região
que já de si tinha sido assolada no ano passado, quase dizimada a zero, e que, agora, tendo já sido restabelecida
de uma situação bastante grave, acabou por ser afetada por uma catástrofe que reduziu novamente a zero
culturas e plantações, tirando, outra vez, rendimento.
De facto, o problema que está em causa é o da salvaguarda do mundo rural e da agricultura familiar.
Naturalmente que o PCP está preocupado com o facto de estes produtores, estes agricultores tenham apoio,
mas cabe ao Governo estabelecer e definir as medidas efetivas de apoio no terreno.
O Governo tem de se deixar de intenções, de anúncios e de propagandas e passar para medidas efetivas no
terreno, em que as populações, os agricultores e os produtores sintam que estão a ser apoiados, porque o que
está em causa é o rendimento e o escoamento dos seus produtos. Neste caso, foi a capacidade produtiva que
ficou em causa, havendo a possibilidade de, nos próximos tempos, não conseguirem repor a sua capacidade de
produção.
O Sr. AntónioFilipe (PCP): — Muito bem!
O Sr. JoãoDias (PCP): — Sr. Deputado João Castro, o PCP está preocupado e não compactua, como lhe
disse ontem, com ilegalidades e irregularidades. Se, nestes casos associados aos apoios às vítimas dos
incêndios, ocorreram, de facto, situações de ilegalidades e de irregularidades, então que se avalie, que se
averigue e que se atue.
Mas, com isto, não podemos entrar num discurso em que as pessoas são todas vigaristas, em que as vítimas
são todas vigaristas, porque o que deveríamos estar a discutir não é o que se passou ou, tão simplesmente, se
alguém vigarizou alguém ou não. O que devemos estar a discutir é quantas pessoas ainda não podem usar a
sua habitação, quantas habitações estão por recuperar, quantas segundas habitações ainda estão por
recuperar, quantas pessoas ficaram longe das suas perdas, porque estas pessoas, Sr. Deputado, mantêm o
mundo rural e o interior ativos, com sangue, suor e lágrimas. A eles devemos um ato patriótico, a eles devemos
o ato de combater o despovoamento, pois é com a fixação dessas pessoas que se combate o despovoamento.
Por isso, não devemos criar obstáculos nem barreiras aos apoios, mas facilitá-los. Segundo o Governo,
ninguém ficou de fora dos apoios. Por isso, agora, devolvo-lhe a questão: está o PS disponível para facilitar a
reabertura das candidaturas simplificadas, para que as pessoas possam candidatar-se aos apoios pelas perdas
que efetivamente tiveram? Qual é a dificuldade? Qual é o problema?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Vamos prosseguir com os pedidos de esclarecimento ao Sr. Deputado
João Dias.
Tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Patrícia Fonseca, do CDS-PP.
A Sr.ª PatríciaFonseca (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado João Dias, ouvi com atenção as
declarações que fez da tribuna e concordo com muitas das afirmações que ali fez.
Aliás, o CDS tem questionado o Governo inúmeras vezes sobre a falta de apoio aos agricultores e às famílias
que foram afetadas pelos incêndios do ano passado. Gostaria, então, de lhe pôr duas ou três questões simples,
Sr. Deputado.