I SÉRIE — NÚMERO 12
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O que é que o Sr. Deputado acha das declarações, muito recentes, do Ministro da Agricultura quando diz,
por exemplo, que a proliferação dos eucaliptos é da responsabilidade dos proprietários, sabendo nós que o
Governo não investiu, não abriu concursos para investimentos na floresta e nas áreas ardidas? O que é que o
Sr. Deputado acha da proposta inscrita no Orçamento do Estado onde consta que este ano é que se vão executar
100 milhões de euros do PDR (Programa de Desenvolvimento Rural) para as florestas?
E mais, Sr. Deputado, como é que o PCP está a pensar votar a proposta do Orçamento do Estado que prevê
uma dedução à coleta de 450 € para quem invista num plano de poupança florestal?
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª PatríciaFonseca (CDS-PP): — Porque, Sr. Deputado, o CDS tem apresentado, desde 2016 uma
proposta para uma conta de gestão florestal que permite um investimento na floresta. Ainda no Orçamento do
Estado para este ano, o CDS apresentou uma proposta de dedução à coleta de 1250 €, contra a qual o PCP
votou.
Portanto, Sr. Deputado, numa lógica de coerência, parece-me que 1250 € é bastante mais do que 450 €, por
isso gostaria de saber por que razão o PCP votou contra a nossa proposta no ano passado e como é que irá
votá-la neste ano.
Para terminar, também gostaria de lhe dizer, Sr. Deputado, que o CDS concorda com a decisão de passagem
da cobrança de IVA (imposto sobre o valor acrescentado) de 6% para as operações de prestação de serviços
florestais, porque embaratecem os trabalhos de limpeza da floresta ao consumidor final. O que é estranho é o
facto de o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais só ter autorizado esta norma precisamente neste ano,
veja-se, só no final do prazo das limpezas dos terrenos florestais! De facto, este ano já vimos inscrita esta opção
na proposta de Orçamento do Estado, por isso pergunto o que é que o PCP acha do facto de a decisão do
Governo ter sido tomada já no final do prazo da limpeza dos terrenos florestais.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para um último pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr.
Deputado Maurício Marques, do PSD.
O Sr. Maurício Marques (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado João Dias, cumprimento-o pela sua
intervenção. Digo mais: felicito-o pela sua intervenção. O Sr. Deputado comportou-se como um verdadeiro
Deputado da oposição, mas acontece que o Sr. Deputado não é da oposição!
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Maurício Marques (PSD): — O Sr. Deputado e o seu Grupo Parlamentar são responsáveis por um
Governo que não está a responder aos problemas da floresta e da agricultura portuguesas, como o senhor disse.
Aplausos do PSD.
Aliás, o Sr. Deputado faz parte de um Grupo Parlamentar que apoiou e impôs ao País uma reforma florestal
contra o saber, contra o conhecimento, contra os proprietários florestais e contra o setor florestal. A reforma
florestal que o seu Grupo Parlamentar apoiou e que foi implementada foi um verdadeiro ataque ao mundo rural.
O Governo fez uma verdadeira afronta ao setor florestal!
Sr. Deputado, faz parte de um Grupo Parlamentar que apoia um Governo que recusou o reforço dos meios,
quando as condições climatéricas indiciavam perigo grave de incêndio. Isto foi há um ano! Se o Governo não
tivesse recusado os meios que lhe foram solicitados, talvez não tivéssemos tido o flagelo que tivemos.
Sr. Deputado, neste momento a região Centro está a passar por uma devastação. O furacão Leslie deixou
especialmente a zona Centro, em particular o distrito de Coimbra, num estado de calamidade; aliás, alguns
autarcas falam mesmo de «calamidade pública». É preciso dar apoio às pessoas afetadas, é preciso dar apoio
aos agricultores, é preciso dar apoio aos industriais que viram a sua atividade afetada!