I SÉRIE — NÚMERO 12
30
corvineiros e, consequentemente, que não traz também impactos negativos a nível económico pelas alterações
de monta às atividades sociais, de lazer e económicas — como a pesca, a apanha de bivalves, o turismo, a
restauração — é irresponsável e não é sério.
O Sr. Ministro do Ambiente veio sustentar que o licenciamento das dragagens não é da competência do
Ministério do Ambiente, mas entendamo-nos: não podemos ter no mesmo Governo o jogo da batata quente
entre dois Ministérios, pelo que essa resposta não serve.
Reforçando aquilo que já foi dito pela Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, direi que importa ponderar estas
dragagens e perceber e pôr em cima da mesa as consequências e os impactos negativos que, realmente, isto
tem, ao nível da biodiversidade, da preservação dos golfinhos, bem como os impactos socioeconómicos para a
população de Setúbal e para uma zona que é e deve ser património de todos e de todas, a nível regional e a
nível nacional.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem agora a palavra, para formular pedidos de esclarecimento, o Sr.
Deputado António Costa Silva.
O Sr. António Costa Silva (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, agradeço à Deputada Heloísa
Apolónia por ter trazido este assunto tão importante e tão sensível a debate e faço notar que o PSD, desde a
primeira hora, acompanhou este assunto.
Este é, de facto, um assunto sensível. Está em causa a biodiversidade, mas também está em causa uma
atividade económica naquela região. Nesse sentido, entendemos que a melhor forma de percebermos o que se
passa em relação a esta matéria foi a de apresentar, de imediato, na 11.ª Comissão, a Comissão de Ambiente,
Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação, um requerimento a solicitar a presença
do Sr. Ministro do Ambiente, no sentido de prestar todos os esclarecimentos sobre esta matéria. Aliás, o
mecanismo mais viável, mais evidente, pareceu-nos ser aquele em que o responsável político que tutela esta
área nos pudesse dar todas as explicações.
A pergunta que lhe coloco é muito simples, Sr.ª Deputada: concorda com este procedimento do PSD e com
a urgência da ida do Sr. Ministro do Ambiente e da Transição Energética à 11.ª Comissão?
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Paula Santos.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr.ª Presidente, começo por cumprimentar também a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia pelo tema que traz a debate à Assembleia da República. Trata-se de um tema que tem preocupado
bastante, e em particular, os pescadores das áreas de Setúbal e de Sesimbra, pelas implicações que o
desenvolvimento deste projeto pode ter numa atividade económica tradicional e que há muito se vai
desenvolvendo no rio Sado.
Sem sombra de dúvida, a biodiversidade — a fauna e a flora — do rio Sado é de uma enorme riqueza e as
preocupações que foram aqui expressas, em particular no que se refere à deposição das areias e das lamas
numa área que funciona como maternidade de muitas espécies piscícolas, causam também ao PCP uma
preocupação acrescida relativamente à continuação desta atividade.
Causam também preocupação porque esta área — designada por restinga —, situada na península de Troia,
é, de facto, uma zona riquíssima em variadas espécies de peixes, de bivalves e de outras espécies marinhas,
que são o alimento dos golfinhos roazes corvineiros que habitam o estuário do Sado.
É importante referir que os pescadores já expressaram a sua opinião relativamente a esta matéria e é
lamentável que não tenham sido ouvidos no tempo adequado para que, efetivamente, essas mesmas
preocupações fossem tidas em conta.
É também importante referir que a Câmara Municipal de Setúbal, no parecer que fez relativamente a este
processo, manifestou já — aliás, foi a primeira entidade a fazê-lo — preocupações não só quanto à deposição