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I SÉRIE — NÚMERO 12

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corvineiros e, consequentemente, que não traz também impactos negativos a nível económico pelas alterações

de monta às atividades sociais, de lazer e económicas — como a pesca, a apanha de bivalves, o turismo, a

restauração — é irresponsável e não é sério.

O Sr. Ministro do Ambiente veio sustentar que o licenciamento das dragagens não é da competência do

Ministério do Ambiente, mas entendamo-nos: não podemos ter no mesmo Governo o jogo da batata quente

entre dois Ministérios, pelo que essa resposta não serve.

Reforçando aquilo que já foi dito pela Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, direi que importa ponderar estas

dragagens e perceber e pôr em cima da mesa as consequências e os impactos negativos que, realmente, isto

tem, ao nível da biodiversidade, da preservação dos golfinhos, bem como os impactos socioeconómicos para a

população de Setúbal e para uma zona que é e deve ser património de todos e de todas, a nível regional e a

nível nacional.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem agora a palavra, para formular pedidos de esclarecimento, o Sr.

Deputado António Costa Silva.

O Sr. António Costa Silva (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, agradeço à Deputada Heloísa

Apolónia por ter trazido este assunto tão importante e tão sensível a debate e faço notar que o PSD, desde a

primeira hora, acompanhou este assunto.

Este é, de facto, um assunto sensível. Está em causa a biodiversidade, mas também está em causa uma

atividade económica naquela região. Nesse sentido, entendemos que a melhor forma de percebermos o que se

passa em relação a esta matéria foi a de apresentar, de imediato, na 11.ª Comissão, a Comissão de Ambiente,

Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação, um requerimento a solicitar a presença

do Sr. Ministro do Ambiente, no sentido de prestar todos os esclarecimentos sobre esta matéria. Aliás, o

mecanismo mais viável, mais evidente, pareceu-nos ser aquele em que o responsável político que tutela esta

área nos pudesse dar todas as explicações.

A pergunta que lhe coloco é muito simples, Sr.ª Deputada: concorda com este procedimento do PSD e com

a urgência da ida do Sr. Ministro do Ambiente e da Transição Energética à 11.ª Comissão?

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada

Paula Santos.

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr.ª Presidente, começo por cumprimentar também a Sr.ª Deputada Heloísa

Apolónia pelo tema que traz a debate à Assembleia da República. Trata-se de um tema que tem preocupado

bastante, e em particular, os pescadores das áreas de Setúbal e de Sesimbra, pelas implicações que o

desenvolvimento deste projeto pode ter numa atividade económica tradicional e que há muito se vai

desenvolvendo no rio Sado.

Sem sombra de dúvida, a biodiversidade — a fauna e a flora — do rio Sado é de uma enorme riqueza e as

preocupações que foram aqui expressas, em particular no que se refere à deposição das areias e das lamas

numa área que funciona como maternidade de muitas espécies piscícolas, causam também ao PCP uma

preocupação acrescida relativamente à continuação desta atividade.

Causam também preocupação porque esta área — designada por restinga —, situada na península de Troia,

é, de facto, uma zona riquíssima em variadas espécies de peixes, de bivalves e de outras espécies marinhas,

que são o alimento dos golfinhos roazes corvineiros que habitam o estuário do Sado.

É importante referir que os pescadores já expressaram a sua opinião relativamente a esta matéria e é

lamentável que não tenham sido ouvidos no tempo adequado para que, efetivamente, essas mesmas

preocupações fossem tidas em conta.

É também importante referir que a Câmara Municipal de Setúbal, no parecer que fez relativamente a este

processo, manifestou já — aliás, foi a primeira entidade a fazê-lo — preocupações não só quanto à deposição