I SÉRIE — NÚMERO 12
24
e médias empresas, com as autarquias, com os bombeiros, com as instituições da sociedade civil, com toda a
sociedade que está, neste momento, privada de bens essenciais e de horizontes e a lutar por criar alternativas.
Eu próprio tive oportunidade de tentar ter uma perceção no terreno dessa realidade e o rasto de destruição
é absolutamente devastador em Soure, na Figueira da Foz, em Montemor-o-Velho, em Coimbra, em
Cantanhede, enfim, um pouco por toda a parte da nossa região.
Este tempo é, portanto, o tempo das alterações climáticas e aqui está dramaticamente a prova de que assim
é. Há várias formas de negar as alterações climáticas, não é necessário negá-las em tese. Às vezes, a pior
negação que se faz é a da prática, por exemplo insistindo em prospeções petrolíferas e, ao mesmo tempo,
dizendo que se está a combater as alterações climáticas.
Mas este tempo é, sobretudo, o tempo do socorro. Portanto, é necessário responder já às necessidades de
quem ficou privado do essencial. As populações vivem a perplexidade da falta de energia elétrica que se mantém
há dias seguidos, com privações essenciais para as suas vidas e para a sua atividade.
É necessário, portanto, Sr. Deputado João Dias, Sr.as e Srs. Deputados, que aqui todos assumamos a
responsabilidade de responder a estas necessidades.
Nós, Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, entendemos que o Fundo de Emergência Municipal é,
seguramente, um instrumento muito importante e decisivo para dar resposta no essencial a tudo isso.
Este povo, o povo da região Centro do País — todo o povo de Portugal mas especialmente o povo da região
Centro do País —, já sofreu demais. É necessário que haja respostas, e respostas imediatas.
Por isso, associando-me às palavras do Sr. Deputado e felicitando-o por aquilo que proferiu, queria apenas
deixar-lhe duas perguntas. Primeira, associa-se o Grupo Parlamentar do PCP a esta perspetiva de que os
instrumentos orçamentais, designadamente o Fundo de Emergência Municipal, são prioritários para dar resposta
a esta situação, o que implica, portanto, uma mobilização do Governo e da Assembleia da República?
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Atenção ao tempo, Sr. Deputado.
O Sr. JoséManuelPureza (BE): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
Segunda, que outros instrumentos entende o Sr. Deputado que devemos ser capazes de lançar mão para
que a resposta ao nosso povo esteja à altura destas responsabilidades?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para formular pedidos de esclarecimento, em nome do Partido
Socialista, tem a palavra o Sr. Deputado João Castro.
O Sr. JoãoAzevedoCastro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado João Dias,
Portugal tem sido fustigado por diferentes catástrofes e, por vezes, acontecendo o que não devia acontecer e
em dimensão e intensidade ainda não vivenciadas.
O desafio que se nos coloca é o de fazer o que tem de ser feito.
Hoje, estamos na posse de relatórios, de especialistas, de comissões técnicas que obrigatoriamente têm de
ser levados em conta.
O Estado está a indemnizar as vítimas e as famílias, a implementar sistemas de apoio, a organizar um novo
quadro legislativo, a suscitar à justiça que se ocupe dos infratores, quando é o caso, e os puna com severidade,
a levar a cabo reformas, com medidas aprovadas também pela Assembleia da República, a mobilizar o Governo,
as autarquias e os proprietários para que se envolvam e façam no imediato o que ainda não foi feito e importa
fazer.
Importa passar à fase seguinte, onde todos e cada um assumam as suas responsabilidades: reorganizar as
estruturas, aprender com os erros, mobilizar o País e construir uma solução inclusiva.
Sr. Deputado João Dias, tomámos boa nota da sua intervenção e preocupação. Sabemos que estamos na
presença de processos de grande dimensão e complexidade que, certamente, terão limitações e que importa
corrigir.
Contudo, como sabe, ontem esteve neste Parlamento, em audição, o Presidente do Fundo REVITA. O
Presidente fez um relato bastante exaustivo dos apoios e procedimentos que estão no terreno, mas também nos