30 DE OUTUBRO DE 2018
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atividade docente não remunerada prestada por bolseiros de investigação; pressões para assinatura de
cláusulas abusivas e ilegais nos contratos dos docentes convidados; leitores das universidades públicas a
lecionar há décadas sem vinculação; necessidade de aplicação justa do programa de regularização de vínculos
precários, de modo a que não sejam, precisamente, considerações de natureza orçamental a impedir a
contratação efetiva em todas as carreiras, incluindo as especiais; desigualdade que está criada ao nível das
progressões remuneratórias dos docentes e investigadores em relação a demais trabalhadores da
Administração Pública.
Sr. Ministro, está mesmo na hora de pôr no lixo o velho carrocel da precariedade que dá cabo da vida a
tantos bolseiros e investigadores, afastados do acesso à carreira de investigação científica, que era onde
deveriam estar há anos. O que vai o Governo fazer? É que o reforço, quer das instituições, quer da FCT, não
chega para tal empreitada.
Quanto aos direitos dos estudantes, Sr. Ministro, é preciso diminuir, de forma alargada, os custos de
frequência. Sim, com o fim das propinas, mas exige-se também o reforço da ação social escolar e uma resposta
urgente para resolver o drama da falta de alojamento de estudantes do ensino superior.
Sr. Ministro, 15 milhões de euros para estarem prontas 2000 novas camas até 2021 é um avanço, é verdade,
para o qual o PCP contribuiu com a sua iniciativa legislativa, mas é pouco e não chega a tempo para quem está
a viver o problema agora! É preciso uma iniciativa imediata para que os estudantes vejam o seu direito
constitucional de acesso e frequência aos mais elevados graus de ensino integralmente cumprido. Por isso,
queremos saber, Sr. Ministro, o que vai ser feito a esse respeito já neste Orçamento.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês
Domingos, do PSD.
A Sr.ª Inês Domingos (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, Sr. Ministro das
Finanças, este Orçamento é a confirmação de que a qualidade do crescimento da economia portuguesa, com
este Governo, foi arrasada.
Risos do PS.
Não só temos um dos crescimentos mais baixos da Europa como temos o terceiro pior desempenho de
produtividade da Europa entre 2015 e 2018.
Sr. Ministro, seja sério! Contrariamente ao que disse aqui hoje, os números do seu Governo, no relatório do
seu Orçamento do Estado, mostram bem a realidade. A produtividade de toda a economia, e sem o efeito ilusório
dos preços, diminuiu 0,4% entre 2015 e 2018. Isto é um sinal, no mínimo alarmante, sobre a qualidade do
crescimento da economia portuguesa com este Governo.
Dirá o Sr. Ministro que é porque cresceu o emprego. Mas, Sr. Ministro, nos anos deste Governo houve seis
países que tiveram aumentos de emprego superiores a Portugal e em quatro desses países o crescimento da
produtividade foi muito superior: na Irlanda, na Eslovénia, em Chipre e em Malta.
Que medidas apresenta o Governo para as empresas melhorarem a produtividade? Como sempre, com este
Governo, não há nada.
Diz o Sr. Ministro que, afinal, o maior bem para as empresas é a estabilidade fiscal. Sr. Ministro, será mesmo?
Julga que pode dizer que é mesmo bom para as empresas terem a segunda taxa máxima de IRC da OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), que só é superada pela situação na França?
A situação ainda é pior do que parece, Sr. Ministro, porque apresenta umas medidas para o interior e para
as PME (pequenas e médias empresas) que valem tão pouco que nem aparecem no plano que o Governo
enviou para a União Europeia. Será que tem vergonha do que apresentou por ser tão mínimo?
Em contrapartida, volta a carregar nos impostos para as empresas: na tributação autónoma sobre os
veículos, no imposto sobre os produtos petrolíferos, no alargamento da contribuição extraordinária sobre a
energia às empresas de energia renovável, em novas contribuições sobre recursos florestais e para a proteção
civil.