I SÉRIE — NÚMERO 18
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problema é não haver uma estratégia que nos coloque com a ambição de crescer aquilo que deveríamos estar
a crescer.
O Sr. João Oliveira (PCP): — As vossas opções eram todas ao contrário!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Este é o vosso último Orçamento do Estado. É o último Orçamento do
Estado de uma Legislatura a três, que os senhores do Partido Socialista entenderam que deveria ser assim.
Há um desafio que vos queria fazer.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Veja bem no que é que se mete! Olhe que o Passos Coelho vai acabar a votar
em nós!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Sejam tão verdadeiros a apresentar as vossas propostas eleitorais
como nós fomos em 2015 e, se isso acontecer,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Vai votar em nós!? Já ganhámos votos!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — … pode acontecer o mesmo que aconteceu em 2015 e o senhor voltar
a perder as eleições.
Aplausos do PSD e de Deputados do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Segue-se a intervenção do Sr. Deputado Carlos Pereira, do PS.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados: Estamos a debater as propostas para o último exercício orçamental desta Legislatura. Neste
momento, é justo sublinhar que um dos vértices principais dos bons resultados desta governação é a
performance da economia e, em particular, o contributo decisivo das empresas e empresários de Portugal.
É hoje muito evidente que há uma linha que separa este Governo do anterior. Enquanto a direita ignorou o
papel das políticas económicas na alteração dos condicionalismos do mercado, apostando de forma quase cega
no seu funcionamento e no equilíbrio, abandonando as empresas aos ciclos económicos, o Governo do Partido
Socialista introduziu novas opções que ofereceram às empresas as condições certas para produzirem mais e
criarem mais emprego.
Sr. Presidente, já vamos com dois novos líderes na direita portuguesa, mas pouco ou nada mudou e nada
de novo foi trazido para o debate político. Os factos e a realidade desmentem as acusações sistemáticas, mas
PSD e CDS persistem em meter a cabeça na areia e em procurar o cisne negro que lhes dê uma razão
impactante para o seu velho e cansado discurso.
Na verdade, sem a implementação de uma política económica virada para promover a produtividade e a
competitividade das empresas, assim como a aplicação de medidas anticíclicas, muito dificilmente os resultados
macroeconómicos — seja de crescimento do produto, seja de controlo do défice, seja ainda de criação de
emprego — teriam tido a expressão que hoje conhecemos e que é completamente irrefutável.
Sr. Presidente, foi o crescimento do produto que permitiu os ganhos no défice, a enorme redução do
desemprego, mas também uma melhor e mais justa política de distribuição de rendimentos. Mas é fundamental
não esquecer que, sem a resposta positiva e determinada dos empresários portugueses ao choque das novas
políticas, os resultados não poderiam ser tão expressivos.
Na verdade, o crescimento do PIB, que tem batido recordes e até ultrapassado as previsões mais arrojadas,
decorre do crescimento económico das empresas. Por sua vez, este crescimento económico das empresas
depende, repito, da sua produtividade e competitividade, além, naturalmente, do estabelecimento do clima
económico estável e consistente para gerar as expectativas positivas que puxam pelos bons resultados.