I SÉRIE — NÚMERO 21
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Estamos muito longe de ter os nossos problemas resolvidos. Temos um País com elevados níveis de pobreza
e de desigualdade e com elevados problemas nos seus serviços públicos. Nós, estes quatro partidos que
compõem a maioria, estamos mais conscientes disso do que ninguém neste País, mas também sabemos, temos
consciência e orgulho do trabalho que fizemos juntos, nos últimos três anos.
A principal crítica — a primeira, entretanto abandonada — que foi feita a este Orçamento do Estado era muito
próxima das que tinham sido feitas aos restantes Orçamentos do Estado. Diziam que era eleitoralismo. Quando
estava na oposição, sempre entendi que a crítica de eleitoralismo nunca deveria ser dirigida a quem estava no
poder. Pareceu-me sempre que era uma forma de assumir o seguinte: «As propostas são boas, não as posso
criticar, o mais que posso dizer é que são eleitoralistas.»
Para ser justo, o PSD, quando acusa um determinado documento ou o Orçamento do Estado de ser
eleitoralista, não o está a querer elogiar, como é evidente, porque entende que o eleitoralismo é, de facto, mau.
E o PSD entende que o eleitoralismo é, de facto, mau porque essa é a sua conceção de «Orçamento do Estado»,
bem como de «reformas de Estado». Para o PSD, reformas que são reformas, como Orçamento que é
Orçamento, têm de doer, têm de ter um caráter punitivo, têm de ser difíceis, têm de ser contra o povo, têm de
ser contra a população, porque, se não forem, são eleitoralistas. É por isso que usa o termo «eleitoralismo»,
porque essa é a sua conceção de política.
Aplausos do PS.
O Sr. António Topa (PSD): — Tenha vergonha!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares: — A economia está a recuperar e era só o que
faltava que isso não se traduzisse numa melhoria da resposta política aos portugueses. Se a economia melhora,
os portugueses têm de viver melhor!
Aplausos do PS.
O Sr. António Topa (PSD): — Tenha vergonha!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares: — Mas houve uma evolução: a crítica agora
não é de eleitoralismo, é de mentiras! Este é um Orçamento de mentiras, tal como sempre foi, durante esta
última governação do PS…
Aplausos de Deputados do PSD.
Alguma vez tinham de bater palmas!
Dizem o PSD e o CDS que este é um Orçamento de mentiras e que vão desmontar o embuste, as mentiras.
O Sr. Paulo Neves (PSD): — Finalmente, uma verdade!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares: — Vamos continuar com a verdade, Sr.
Deputado.
Mas era preciso que o explicassem, porque apresentamo-nos aqui com a credibilidade de quem já
apresentou três Orçamentos e os cumpriu escrupulosamente!
Aplausos do PS.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Cumprimos as metas e as medidas…
Protestos do PSD.