I SÉRIE — NÚMERO 72
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A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Vão conceder-vos um desejo!…
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — … é o de, objetivamente, alterar o rumo desta governação, sobretudo nas
matérias que dizem respeito aos trabalhadores, com quem o Governo não fez mais do que demagogia e
populismo.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato,
do PCP.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Secretários de Estado, Sr.ª Secretária de
Estado: É verdade que, desde 2009, existe um vazio legal quanto à aplicação do regime da higiene, segurança
e saúde no trabalho na Administração Pública, mas também é verdade, Sr.ª Secretária de Estado, que não
existe esse vazio legal por acaso. O PCP, desde há anos, desde logo, na votação, na especialidade, em 2009,
e ao longo dos últimos 10 anos, vem alertando sucessivos Governos para este vazio e exigindo — como, de
resto, têm feito os trabalhadores da Administração Pública e as suas organizações representativas — que se
responda a este desígnio.
Em 2009, o PSD, o CDS e o PS não quiseram corresponder a esse desígnio. Entre 2011 e 2015, tivemos
ainda a aberração de o anterior Governo, do PSD e do CDS, ter dito, para que fique claro, que a ACT (Autoridade
para as Condições de Trabalho) não tem competências em matéria de higiene, saúde e segurança no trabalho
na Administração Pública. E, hoje, 10 anos depois, temos finalmente uma proposta, que obviamente
acompanhamos, de aplicar o regime que aqui se discute à Administração Pública. Portanto, entendemos que,
passados 10 anos, é mais do que tempo para garantir a aplicação deste regime.
Mas também é importante dizer que a aplicação deste regime não pode significar apenas que, em matéria
de condições de trabalho, de higiene, segurança e saúde no trabalho, a ACT pode intervir e fiscalizar.
Sr.ª Secretária de Estado, este é um bom princípio, mas a verdade é que o PCP tem trazido propostas
concretas, de valorização dos trabalhadores da Administração Pública, nesta matéria, que têm sido rejeitadas
pelos mesmos do costume, isto é, por PS, PSD e CDS.
Com uma primeira proposta, trouxemos aqui uma matéria muito importante, que foi a da garantia da
atribuição, em situações de penosidade, insalubridade e risco, na administração central e nas autarquias locais,
do respetivo suplemento remuneratório, compensações relativas a durações e horários de trabalho adequados
e acréscimo de dias de férias e de benefícios para efeitos de aposentação. Ou seja, o reconhecimento de que
se deve aplicar este regime, porque existem situações de penosidade, insalubridade e risco e que, por isso, os
trabalhadores que estão sujeitos a essa situação devem ser beneficiados. Como é que votaram o PS, o PSD e
o CDS? Votaram contra!
Uma segunda proposta, Sr.ª Secretária de Estado, foi a seguinte: em sede de Orçamento do Estado,
propusemos que fosse possível aos trabalhadores da Administração Pública acumular com o seu salário a
pensão de invalidez que decorria de um acidente de trabalho. Como é que votaram o PS, o PSD e o CDS?
Votaram contra!
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Quem aprovou o Orçamento foi a Sr.ª Deputada!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Por isso, Sr.ª Secretária de Estado, o que entendemos é o seguinte: a aplicação
do regime é importante, mas não se pode ficar apenas pela aplicação do regime. Tem de se reconhecer aos
trabalhadores da Administração Pública — e, de resto, o Estado já vai atrasado a fazê-lo, pois, no setor privado,
por força da contratação coletiva, existem setores que já o atribuem — um subsídio de penosidade, insalubridade
e risco.
Por isso, e também porque os trabalhadores da administração central e da administração local têm
desempenhado lutas importantes sobre isto, estou certa de que, em breve, teremos oportunidade de voltar a
votar propostas do PCP, de criação de um subsídio de penosidade, insalubridade e risco para todos os