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I SÉRIE — NÚMERO 1

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A Sr.ª Cláudia Santos (PS): — Como dizia, também sabemos que é preciso proteger a democracia contra certos discursos populistas, que invocam a corrupção para ganharem votos, mesmo que à custa da destruição

de pilares do Estado de direito.

Hoje já conhecemos a experiência de países — países, aliás, com os quais temos laços — que caíram no

embuste do discurso de populistas de direita que se apresentaram como justiceiros anticorrupção. O

conhecimento da experiência desses países e o sofrimento a que têm sido votados os seus povos serão, espera-

se, um poderoso antídoto contra certos discursos populistas em matéria de corrupção.

Não há menos corrupção quando se amputam as garantias próprias do Estado de direito. Nesses cenários,

o que há é só mais corrupção e menos Estado de direito.

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr.ª Deputada, chamo a sua atenção para o tempo.

A Sr.ª Cláudia Santos (PS): — Contra isso, bater-nos-emos intransigentemente nesta Câmara.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Também para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, do PEV.

O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: As primeiras palavras são para, em nome de Os Verdes, saudar não só os milhares de cidadãos que subscreveram esta petição, mas também

a associação Transparência e Integridade, que a dinamizou e promoveu e que, através deste importante

instrumento de participação democrática, traz a discussão um assunto tão importante e que infelizmente

continua tão atual, que é o combate à corrupção.

De facto, o combate à corrupção é algo que se impõe, até para melhorar a nossa democracia, tornando-a

mais transparente e atribuindo mais rigor à gestão da coisa pública, um combate para credibilizar as instituições

da nossa democracia, mas também um combate na defesa e na afirmação de uma cultura de responsabilidade

democrática.

Se é verdade que esta Assembleia tem vindo a dar alguns passos no plano legislativo com vista a fortalecer

esse combate, também é verdade que outros passos terão de ser dados, não só no plano legislativo, mas

também ao nível dos meios técnicos e humanos dos órgãos de investigação criminal, que são decisivos neste

combate, porque, muitas vezes, as entidades que investigam são confrontadas com falta de meios, sobretudo

num tempo em que constatamos uma grande sofisticação dos instrumentos utilizados para a prática dos crimes

de corrupção.

Quanto ao plano legislativo, Os Verdes destacam três matérias que assumem uma importância decisiva no

combate que todos reconhecemos ser necessário travar: primeiro, dizer não aos vistos, sejam eles vistos gold

ou vistos green, Sr. Deputado André Silva;…

O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!

O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — … segundo, a criação do crime de enriquecimento ilícito; e, terceiro, a necessidade de reforçar o combate à criminalidade económica e financeira através dos centros offshore.

Na verdade, a transparência que deve nortear a gestão da coisa pública, e sobretudo a responsabilização

das pessoas que têm essa missão perante os cidadãos, exige, a nosso ver, que se vá mais longe em matéria

de enriquecimento ilícito.

Quanto à criminalidade económica e financeira através dos centros offshore, estes mecanismos são a

imagem da injustiça que reina no sistema. Os paraísos fiscais apenas servem para os grandes grupos

económicos e as grandes fortunas criarem mecanismos altamente elaborados, para fugir aos impostos ou para

proceder ao branqueamento de capitais e até esconder outros crimes associados à corrupção.

Bem sabemos que um Governo não pode impor o fim dos paraísos fiscais fora das suas fronteiras, mas

também sabemos que qualquer Governo pode e deve ter a obrigação de canalizar esforços, junto dos restantes