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18 DE SETEMBRO DE 2020

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Não menos importante foi a Lei n.º 77/2017, de 17 de agosto, que esta Assembleia também aprovou, com o

objetivo de estancar a expansão das imensas monoculturas de eucalipto e estabelecer um mecanismo para a

diminuição gradual da área de eucalipto no território nacional, através do regime de compensação.

Ainda a propósito destas iniciativas legislativas do PEV, do Bloco de Esquerda e do PAN, que têm em vista

a recuperação de áreas ardidas, a redução da área de eucalipto nos espaços florestais, bem como a

transformação e a qualificação da paisagem, o Governo, ciente da sua importância, lançou já na presente

Legislatura um conjunto de quatro avisos no PDR 2020, com uma dotação orçamental de 85 milhões de euros,

com o objetivo de promover a diversificação de espécies florestais e o aumento da resiliência destas áreas com

manchas arbóreas.

Face ao que antes referi, quer o Governo, quer nós, Deputados, e a Assembleia da República temos estado

atentos a estas matérias e a cumprir a missão que nos cabe de legislar, implementar e apoiar políticas

adequadas para resolver os problemas que hoje estão aqui em discussão e apreciação.

Comprova-se, assim, que não é pela falta de leis que não se cumprem os desígnios de termos melhor

floresta,…

O Sr. João Moura (PSD): — Isso é verdade!

O Sr. Joaquim Barreto (PS): — … com a redução de áreas de eucaliptos e o combate a espécies invasoras. Admitimos, contudo, que a legislação aprovada poderá nem sempre estar a ser aplicada com a devida eficácia.

No entanto, consideramos que, dada a grande importância do setor florestal para o País, todos, mas todos —

produtores florestais, a título individual, empresas desta área, movimento associativo e outras entidades — nos

devemos empenhar e pugnar por obter os melhores resultados das leis que os Deputados e os governantes

fazem para termos uma floresta com dimensão ambiental sustentável e que ajude a dar respostas adequadas,

em termos económicos e sociais, principalmente às populações que dela vivem, criando riqueza e valor para

combater a desertificação e o despovoamento do interior de Portugal.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Também para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Dias, do PCP.

O Sr. João Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quero, antes de mais, felicitar o Partido Ecologista «Os Verdes» pela muito relevante preocupação que nos traz hoje, aqui, a esta Casa, com a recuperação das

áreas ardidas e a sua rearborização.

Os pingos de chuva destas últimas horas e destes últimos dias não nos podem fazer esquecer de que

estamos em plena época de incêndios e também não nos podem fazer esquecer de que estamos a caminhar a

passos largos para aquela que é a verdadeira época da prevenção dos incêndios, que é o inverno. Todos nós

sabemos disto, aliás, o Governo sabe disto, mas na fase da prevenção dos incêndios não faz nada,

provavelmente, porque a mediatização e a visibilidade do tema, nessa altura, não é tanta quanto a que tem no

verão.

A verdade é que assistimos ao drama dos incêndios ano após ano e, infelizmente, Portugal viu arder, nestes

últimos 40 anos, mais de 4 milhões de hectares de floresta. A área de floresta ardida equivale a 138% da nossa

floresta, ou seja, ardeu toda a nossa floresta e mais quase metade. Por isso é tão importante que seja feito um

programa de rearborização, porque, anualmente, a área ardida é muito superior àquela que é rearborizada.

Os dramas humanos, económicos e ambientais que anualmente são vividos em Portugal, Srs. Deputados,

exigem há muito respostas sérias e sustentadas e não meras lamentações e proclamações.

Srs. Deputados, é preciso recuar mais de 17 anos para recuperar uma iniciativa que o PCP apresentou nesta

Casa, em que propusemos um programa de rearborização das áreas percorridas pelos incêndios, a qual foi

rejeitada pelo PSD e pelo CDS, com a abstenção do PS.

Cerca de 20 anos depois da apresentação dessa proposta, o que é que aconteceu em termos de prevenção

dos incêndios? Pouco ou nada e continuamos a ter o drama dos incêndios, de que é bem exemplo o ano de

2017.