18 DE SETEMBRO DE 2020
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A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Não ouviu nada! Estava distraída!
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Há, de facto, um problema relacionado com a fiscalização. Reconhecemos esse mesmo problema, mas essa é uma outra matéria, muito distante desta de que estamos
aqui hoje a falar, e não podemos confundir e misturar associações que seriamente fazem o seu trabalho com o
caso que aconteceu em Santo Tirso, em que, indevidamente, foi utilizada essa figura.
Protestos do Deputado do PS Luís Moreira Testa.
Apesar dos avanços que fizemos nesta matéria há, de facto, lacunas que persistem e que exigem de nós,
enquanto eleitas e eleitos, uma ação concreta nestas matérias. Até aqui tem sido a sociedade civil, em particular
as associações, que tem estado no terreno e a dar resposta a estes problemas relacionados com os animais,
mas tal não pode continuar a acontecer, tem de ser o Estado a assumir essa sua responsabilidade.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr.ª Deputada, chamo-lhe a atenção para o tempo.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Concluo já, Sr. Presidente. E não posso deixar de invocar as palavras do Prof. Fernando Menezes Cordeiro que alerta para a ideia de
que existe uma anomalia de valores quando ignoramos o sofrimento animal, feito o seu paralelo com os nossos
direitos e a nossa consciência, já que somos capazes não só de fazer sofrer os animais como também de evitar
esse sofrimento.
Temos o momento derradeiro de olhar para esta derrogação da legislação, o estatuto próprio dos animais,
que os reconhece como seres sensíveis e lhes reconhece também um direito de auxílio. Não o neguemos hoje,
Sr.as e Srs. Deputados.
Estamos inteiramente disponíveis para trabalhar esta iniciativa na especialidade.
Aplausos do PAN.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Srs. Deputados, vamos agora dar início ao ponto 7 da ordem de trabalhos, a discussão, na generalidade, dos Projetos de Lei n.os 450/XIV/1.ª (PEV) — Apresentação de Relatório
do ICNF à Assembleia da República, para acompanhar e reforçar o cumprimento do objetivo nacional de redução
da área de eucalipto no espaço florestal, 493/XIV/1.ª (PAN) — Cria a comissão de acompanhamento para a
vigilância, prevenção e controlo da regeneração natural dos eucaliptos e das exóticas lenhosas invasoras e
determina a elaboração de um plano de controlo da regeneração natural dos eucaliptos e de ação para a
vigilância e controlo das exóticas lenhosas invasoras e 500/XIV/1.ª (BE) — Cria rede pública de viveiros para
multiplicação de espécies autóctones, recuperação de áreas ardidas e transformação da paisagem, juntamente
com o Projeto de Resolução n.º 521/XIV/1.ª (PEV) — Recomenda ao Governo apoios para retirar as árvores
ardidas com incêndios de 2017, arranque de eucaliptos de crescimento espontâneo e para a (re)florestação com
espécies endógenas.
Para apresentar o Projeto de Lei n.º 450/XIV/1.ª, do PEV, dou a palavra à Sr.ª Deputada Mariana Silva.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Hoje temos em discussão dois projetos que vão no sentido das já conhecidas preocupações que o Partido Ecologista «Os Verdes» tem vindo a
apresentar relativamente à gestão da floresta e aos impactos que as monoculturas e os incêndios florestais
provocam.
É possível termos uma floresta mais resiliente ao fogo e a verdade é que temos hoje uma lei que determina
que não pode haver ações de arborização com eucalipto, dando lugar a ações de rearborização.
Esta lei prevê um mecanismo de compensação que leva a que se houver autorização para plantar uma nova
área de eucalipto ela tenha de ser compensada com o arranque de uma área de eucalipto já existente, sendo
que a nova área terá de ser mais diminuta do que a existente para, progressivamente, se reduzir a área global.
Com os incêndios de 2017, absolutamente dramáticos e devastadores, parecia ter-se aprendido a lição de
que era preciso mudar de rumo, alterando as características dos nossos espaços florestais. Quando passam já