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I SÉRIE — NÚMERO 2

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O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles, do CDS-PP, para uma intervenção.

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente: Os projetos que aqui discutimos partem de algumas preocupações que, creio, são as de todos nós. Primeiro, a preocupação com a existência de apoios para a

rearborização, com a respetiva monitorização e, sobretudo, com o problema do ordenamento florestal, do

ordenamento mais lato do território. E mais: todos nós, que andamos pelo País, podemos verificar que, em

várias das zonas ardidas, mais ou menos ao abandono, crescem de forma espontânea, sobretudo, eucaliptos,

mas também acácias. Todos nós percebemos que, a prazo, isso significa que aqueles territórios estarão muito

suscetíveis ao fogo.

Nestas preocupações, creio eu, poucas divergências haverá, mas a questão é que estes projetos vão

bastante mais além. Estes projetos partem do pressuposto de que o problema dos incêndios começa e acaba

com o eucalipto. É a teoria da diabolização do eucalipto, como se, caso conseguíssemos extinguir o eucalipto

em Portugal, os problemas dos fogos fossem desaparecer, e isso não é verdadeiro, Srs. Deputados.

O problema dos fogos é, sobretudo, o problema do abandono da floresta, do abandono do território e do seu

desordenamento. E o abandono da floresta e do território têm a ver com o seu aproveitamento económico, com

o garante do modo de vida da população que lá está.

Srs. Deputados, gostava de vos dizer isto de uma maneira absolutamente frontal: Portugal ocupa o primeiro

lugar a nível mundial na produção e exportação de cortiça e está entre os primeiros na produção de papel e

pasta.

O Sr. João Dias (PCP): — É o vosso amor!

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Achar que isto é um problema que provoca os incêndios é não perceber que o território e a floresta, quando estão limpos e tratados, combatem os fogos e não têm esse problema.

Srs. Deputados, por divergirmos na identificação do problema, não podemos acompanhar estas propostas e

também será difícil…

O Sr. João Dias (PCP): — É a vossa paixão!

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, se os Srs. Deputados retiram as máscaras para conseguirem fazer sobrepor a sua voz à minha, mesmo sem microfone, tenho muita dificuldade em terminar a

minha intervenção, a qual, aliás, penso que está a ser bastante serena.

Quanto à produção de relatórios, nada temos contra, mas a criação de novos organismos públicos com o

objetivo de criarem relatórios — crescendo quase como cogumelos ou eucaliptos! — não me parece que vá

resolver o problema da floresta nem dos fogos, criando novos problemas para os contribuintes.

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Muito obrigado, Sr.ª Deputada. Tenho a certeza de que todos os Srs. Deputados sabem qual é o objetivo único da máscara.

Para uma intervenção de encerramento do debate, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Silva.

A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Moura, que bela declaração de amor fez ao eucalipto. Acho que alguém irá querer ver a declaração que acabou de fazer, bem como a declaração de

amor ao plástico, o que já sabíamos, visto que votou contra o projeto de Os Verdes para a diminuição do plástico

no nosso dia a dia. Fica o registo para mais tarde.

O que acabámos de propor assim de tão radical, como o Sr. Deputado disse, foi apenas a fiscalização e uma

ação sobre o crescimento descontrolado e espontâneo do eucalipto. Descontrolado e espontâneo! Não falei

contra nenhum produtor nem contra a plantação de eucaliptos, falei sobre o descontrolo espontâneo, o que,

infelizmente, continua a acontecer, pois há incêndios que se repetem todos os anos.

Após o drama dos fogos, vem a desvalorização da madeira, a perda de rendimento, os custos elevados que

implica a reflorestação e o consequente abandono das áreas queimadas. Sem qualquer surpresa, o eucalipto

regenera-se de forma natural. Certo?!

Urge «cortar o mal pela raiz».