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18 DE SETEMBRO DE 2020

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a maior desde o tempo de D. Dinis. A estas afirmações, dois anos após os maiores incêndios de que há memória

em Portugal, juntaram-se outras como a de que «nada ficaria como dantes» na floresta portuguesa.

Basta ver o que já ardeu este ano para percebermos a validade deste discurso e o fracasso das políticas

deste Governo no que à área florestal diz respeito.

Falemos de números que ajudam a perceber a realidade do eucalipto em Portugal. O eucalipto é a árvore

dominante na floresta portuguesa? Sim, é. Representa cerca de 26%, seguido do sobreiro, com 23%, e do

pinheiro-bravo, com 22%.

O eucalipto é o responsável pelos incêndios florestais que acontecem em Portugal? Claro que não. O nosso

clima mediterrâneo, o nosso desordenamento florestal e o nosso abandono da floresta são, esses sim, os

grandes responsáveis pelos incêndios florestais.

O eucalipto arde mais do que as outras espécies? Provavelmente, sim. Das espécies que ardem, cerca de

30% são eucaliptos, pois, como já foi dito, é uma espécie resinosa de alto teor combustível.

Sabemos ainda das características desta planta no que à necessidade de água diz respeito e quanto à sua

fortíssima capacidade reprodutiva e rápido crescimento.

No entanto, em abono da verdade, importa lembrar que há solos em Portugal em que o eucalipto é das

poucas espécies vegetais que lá sobrevive e se adapta — ou eucalipto ou mato, ou eucalipto ou erosão dos

solos.

Os eucaliptais em Portugal também contribuem para mitigar os milhões de toneladas de gases com efeito de

estufa. Logo, goste-se ou não, o eucalipto contribui para resgatar gases que todos nós, os senhores e eu,

também ajudamos a produzir. Vejamos: 95% do eucalipto que produzimos destina-se à produção da pasta de

papel; a indústria da pasta de papel contribui com 4,3% do produto interno bruto; 4,9% do total das exportações

portuguesas deve-se à indústria da celulose; 95% da celulose destina-se à produção de papel, seja papel de

escritório, para livros ou mesmo papel sanitário.

O Sr. João Dias (PCP): — Esse é que é o vosso grande amor!

O Sr. João Moura (PSD): — Todos nós — todos! — consumimos este papel nas mais variadas formas. Ainda sobre o papel, estou ciente de que também os senhores se têm envolvido em campanhas para acabar

com o plástico, campanhas de incentivo à substituição de plástico por… papel! Ironia. Os senhores não só são

consumidores de papel como lhe dão primazia em detrimento de outros produtos. Será que o papel que os

senhores consomem é de outra origem?

Esta manhã, cruzei-me com alguns dos vossos outdoors publicitários espalhados pela cidade de Lisboa. São

impressos em papel e lembrei-me da origem desse mesmo papel.

A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Os de Os Verdes não são em papel!

O Sr. João Moura (PSD): — Srs. Deputados, basta de hipocrisia, basta de demagogia. Hoje, como já foi dito pelo Sr. Deputado Joaquim Barreto, a lei já determina que não pode haver plantações

de eucaliptos sem autorização das entidades públicas competentes, visando controlar a sua expansão.

Recordo que, em audição parlamentar, o Sr. Presidente do Instituto da Conservação da Natureza e das

Florestas assumiu que os seus serviços não tinham capacidade de resposta por falta de recursos humanos e

materiais. Ora, os senhores querem aumentar as competências e o trabalho deste Instituto quando ele assume

já não ter competência, nem meios nem recursos para dar resposta ao que tem em mãos.

Da parte do PSD, sabendo das características do eucalipto e da sua importância económica, social e até

ambiental, continuamos, com racionalidade e responsabilidade, a defender uma floresta multifuncional, que seja

produtiva e que tenha a capacidade de financiar novos projetos de floresta, conservação e paisagem.

Sr.as e Srs. Deputados, para os autores destas iniciativas, é mais fácil produzir legislação radical para culpar

o eucalipto de todos os males da floresta portuguesa do que responsabilizar o Governo pelo total fracasso no

ordenamento e na gestão florestal.

Aplausos do PSD.