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I SÉRIE — NÚMERO 13

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O Sr. Deputado tem razão naquilo que diz, porque o que tivemos foi um PowerPoint muito bonitinho, muito

redondinho, onde tudo é muito importante, onde tudo é muito prioritário, como, aliás, ficou bem claro quando

tivemos na Comissão de Economia o Prof. Costa Silva, autor primário deste plano e que, às perguntas que os

Srs. Deputados iam fazendo, ia dizendo «é muito importante», «é prioritário», «é muito importante», «é

prioritário»…

Ora, a verdade é esta: aquilo que está hoje a ser apresentado na Gulbenkian, e não no Parlamento, será

também muito importante e muito prioritário, mas nós estamos ainda sem saber como é que se concretiza. E

isto é muito importante. De facto, importa muito saber onde, como e para onde se vai investir todo este

dinheiro — concretizar é que é decisivo! É que o Governo tem falado muito, tem apresentado vários

PowerPoints muito bonitos, mas não concretiza.

A primeira questão que coloco é exatamente sobre esta lentidão. Nós estamos a viver momentos muito

complicados, momentos em que a economia, infelizmente, vai caindo, o desemprego aumenta e as incertezas

também. O que verificamos é que há uma lentidão nas respostas concretas. E a economia real, as empresas e

os trabalhadores precisam de respostas concretas. Por isso, esta lentidão cria uma incerteza que não é de

todo recomendável e que é um traço caracterizador deste Governo.

Também aquilo que vamos conhecendo do Orçamento do Estado nos preocupa um pouco, porque

verificamos que há uma enorme manutenção do peso do Estado e um esquecimento daquilo que é a

economia real, onde se criam empregos e onde se cria riqueza.

Assim sendo, Sr. Deputado, a questão que lhe coloco é no sentido de saber se concorda que esta lentidão

e esta incerteza que o próprio Orçamento também encerra e que a ação do Governo deixa transparecer ao

longo dos últimos meses não é o caminho que precisávamos para dar confiança e criar riqueza e emprego em

Portugal.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Por fim, tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Bruno Dias, do PCP.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Gonçalves Pereira, o Sr. Deputado trouxe aqui o relato do processo e do caminho percorrido até agora no quadro da elaboração do chamado «Plano de

Recuperação e Resiliência».

Seguramente, toda a gente há de concordar com a necessidade de um debate aprofundado e consequente

sobre as opções que o País tem pela frente relativamente a esta matéria. Coisa diferente é, certamente,

reduzir esse debate a uma espécie de caixa de sugestões e reclamações para, depois, quem decide lá em

Bruxelas tomar conta da ocorrência e avançar com a aprovação nas costas do nosso País. Isto não é

aceitável!

Mas também falta agora o resto, Sr. Deputado, que é ouvi-lo acerca do que isto também traduz e do que

isto significa em relação a estas políticas de subordinação do nosso País e de governação das opções

fundamentais para o nosso futuro coletivo aos ditames que sejam emanados a partir de Bruxelas, tendo de

nos conformar com aquilo que de lá seja dado como orientação e indo nós até lá para submeter algo à

aprovação — nós não, mas o Governo — para depois, a seguir, o Governo mostrar ao País e à Assembleia da

República o que foi lá aprovado.

Nós não estamos de acordo com esse processo, mas também queremos dizer uma palavra sobre o

conteúdo, porque sobre o conteúdo o Sr. Deputado também não teve tempo para falar ou não se lembrou de

falar.

Mas, sobre o conteúdo, Sr. Deputado, também queria colocar-lhe uma questão relacionada com as opções

fundamentais que, nesta altura, se impõe colocar em cima da mesa e debater, como o apoio aos setores

produtivos, à produção nacional, às micro, pequenas e médias empresas, coisa que é substancialmente

diferente de dar o dinheiro aos mesmos do costume, às grandes empresas e às multinacionais, para estes

depois terem os trabalhadores como peça descartável, que foi o que aconteceu — para dar apenas alguns

exemplos do distrito de Setúbal — na Autoeuropa, na Continental e na Lauak, onde os trabalhadores foram