15 DE OUTUBRO DE 2020
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Portanto, não podemos discutir este tema como se nada estivesse a ser feito relativamente a ele. O Grupo
Parlamentar do Partido Socialista e o Governo estão profundamente comprometidos com a prevenção e a
repressão da corrupção e gostaríamos de conhecer a opinião do PAN sobre estas duas medidas concretas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder aos dois pedidos de esclarecimento, a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, do PAN.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, antes de mais, gostaria de agradecer ambas as questões colocadas.
Relativamente às questões do Sr. Deputado Duarte Marques, há um aspeto que não posso deixar de
referir. Quando diz que é um «populismo pouco justo», recordo os vários estudos que existem sobre a matéria
e como, muitas vezes, uma imagem vale mais do que mil palavras, mostro-lhe o ranking em matéria de
irregularidades.
A oradora exibiu um texto.
Conforme referi há pouco, o relatório do OLAF coloca-nos numa posição muito pouco graciosa em matéria
do que tem sido a utilização indevida ou até mesmo da perceção que os cidadãos têm sobre a forma como
utilizamos os fundos comunitários. Portanto, não discordando do que, a seguir, o Sr. Deputado disse da
relevância dos fundos comunitários e, até, do cumprimento das metas na sua execução — nenhum de nós,
nesta Assembleia, pretende que Portugal desperdice a oportunidade de usar esses mesmos fundos
comunitários —, não nos podemos esquecer, porém, que também temos um dever de transparência, de
reforçar mecanismos de controlo e de fiscalização para que os erros do passado não voltem a ser cometidos.
Apesar das virtudes, também houve muitas vicissitudes e muitos vícios que não podemos ignorar.
Sr. Deputado, em relação à outra questão que colocou, nomeadamente sobre se acompanhamos o PSD na
proposta de apresentação do relatório trimestral na Comissão de Economia, evidentemente que
acompanhamos tudo aquilo que possa constituir estes mecanismos de reforço. O que lamentamos é termos
assistido, já nesta Legislatura, a uma diminuição da participação do próprio Governo nesta Assembleia,
nomeadamente com o fim dos debates quinzenais, porque esse também seria um momento mais do que
indicado para podermos confrontar o Sr. Primeiro-Ministro com preocupações que, certamente, são comuns a
todas e a todos nós.
Nesse sentido, não será certamente o PAN que irá obstaculizar a essa proposta, muito pelo contrário, até
porque muito nos preocupa também a utilização destes fundos. Se existe uma «bazuca» europeia, todos nós
queremos saber utilizá-la, ao invés de estarmos aqui a dar tiros nos pés.
Relativamente às questões que a Sr.ª Deputada Cláudia Santos nos colocou, e que, desde já, muito
agradeço, o PAN acompanha, evidentemente, essas preocupações em relação à importância da própria
Estratégia Nacional de Combate à Corrupção, seja na obrigatoriedade dos programas de compliance, que nos
parece da maior pertinência, seja no estatuto processual penal, nomeadamente para a responsabilidade das
pessoas coletivas, evitando assim a possibilidade de concorrerem a fundos quando estão a decorrer
processos neste domínio.
O que propomos com esta medida é um reforço dos mecanismos de fiscalização, porque os mecanismos
existentes terão, eventualmente, as suas fragilidades, Sr.ª Deputada, e temos de aprender com todos estes
processos para garantir que a informação é, acima de tudo, acessível e legível por parte dos cidadãos. Não
podemos ter um portal Base.gov, por exemplo, que, apesar da sua bondade e pertinência, é legível, por
exemplo, para jornalistas, técnicos ou outras pessoas habilitadas, enquanto a maior parte dos cidadãos, se
quiser obter informação sobre se estão a decorrer candidaturas ou como estão a ser utilizados estes fundos,
não consegue ler essa mesma informação.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.ª Deputada, tem de concluir.