O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

15 DE OUTUBRO DE 2020

27

1,92%, na sequência de fraudes e irregularidades, tendo sido o oitavo país da União Europeia com maior

percentagem de perdas.

Mas a perda de fundos europeus para a corrupção não é o único problema das candidaturas, seja na fase

de gestão, seja na fase de execução. Existe também um claro afastamento da sociedade civil, fenómeno que

bem nos deve preocupar e que é patente nos dados do Eurobarómetro do ano passado, que nos dizem que só

38% dos portugueses têm conhecimento dos projetos cofinanciados pela União Europeia na sua região e que

só 12% sentem que estes fundos trouxeram uma melhoria para a sua vida quotidiana. Estes dados devem

convocar-nos a agir, não só por uma maior transparência, mas também por uma maior proximidade da

sociedade civil, para que a gestão e execução dos fundos europeus não seja, como no passado, feita em

circuito fechado, mas antes por uma execução que assegure mecanismos de controlo e de fiscalização

adequados, bem como de participação cidadã.

Pois bem, são precisos mecanismos de controlos adicionais aos que já existem atualmente. Por isso

mesmo, o PAN anunciou, no início do passado mês de agosto, que proporia a criação de um portal da

transparência para os fundos europeus que, em tempo real, apresentasse as medidas, os projetos apoiados, o

seu custo orçamental, o número de beneficiários, as entidades beneficiárias, os critérios de atribuição, o seu

grau de execução e outros aspetos relevantes, o que em nada se pode confundir com o portal Base.gov, já

existente e marcadamente virado para a contratação pública. Trata-se, pois, de uma medida que foi

recomendada pelo FMI para o período de crise sanitária e consequente recuperação, e que foi até consagrada

no plano de Costa Silva, aplicada já em alguns países.

Sr.as e Srs. Deputados, foi isso mesmo que propusemos ao Governo, e já tivemos oportunidade de ouvir,

nesta Assembleia, a concordância por parte do Sr. Primeiro-Ministro. E será isso mesmo que materializaremos

em sede de discussão na especialidade do Orçamento para 2021.

Mas o portal da transparência não basta para aproximar a sociedade civil das fases de candidatura, gestão

e execução dos fundos europeus. Estamos a falar de dinheiro que é de todos e que, por isso mesmo, deve ter

um impacto direto na vida dos portugueses. Estamos a falar de opções que vão condicionar o futuro de médio

e longo prazo do País, que vão condicionar as escolhas políticas de futuros Governos, tenham eles a cor

política que tiverem, e isto, Sr.as e Srs. Deputados, é algo que temos de ter presente no imediato. Por isso

mesmo, porque estamos a falar de questões que condicionam diretamente a vida dos nossos concidadãos, o

PAN entende que é preciso ir mais longe e criar uma comissão independente composta por organizações

representativas da sociedade civil e por cidadãos independentes, sem ligações partidárias, que acompanhe

todas as fases relativas aos fundos europeus que vão chegar em breve e que, com os seus contributos, auxilie

a comissão parlamentar de acompanhamento na fase de recuperação.

Recordamos ainda que foi graças a uma iniciativa legislativa do PAN que este Parlamento alargou o âmbito

das matérias suscetíveis de serem objeto de iniciativa legislativa de cidadãos, o que constitui um enorme

avanço em matéria de democracia participativa. Saibamos, então, continuar a dar estes avanços e, em sede

de especialidade do Orçamento do Estado para 2021, conseguir trazer a democracia participativa para a

execução dos fundos europeus e, assim, evitar erros do passado e contribuir, acima de tudo, para algo que

nos deve mobilizar: aumentar a confiança dos nossos concidadãos nos órgãos de soberania.

Aplausos do PAN.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.ª Deputada, a Mesa regista que a sua declaração política suscitou um pedido de esclarecimento da parte do Sr. Deputado Duarte Marques, do PSD.

Tem a palavra para o efeito, Sr. Deputado.

O Sr. Duarte Marques (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o PAN traz a debate um tema importante que tem sido envolvido em algum populismo pouco justo com aqueles que, durante os últimos

anos, ao longo de duas ou quase três décadas, usaram os fundos comunitários em Portugal.

O que seria de Portugal, dos hospitais, dos lares de idosos, das escolas, das universidades, das empresas

se não fosse a utilização de fundos comunitários? Não foram assim tão mal aplicados.