I SÉRIE — NÚMERO 13
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Mas podemos fazer melhor? Podemos, e é por isso que a proposta que o PAN já apresentou foi, também,
seguida por outros partidos e, felizmente, o próprio Governo já assumiu a intenção de apresentar o portal da
transparência. Mas a verdade é que o próprio Programa-Quadro em execução já tem um portal desse género.
Chamo a atenção para que, no meio da discussão dos fundos comunitários que aí vêm, há um montante
equivalente à «bazuca» europeia que ainda está por utilizar. São 12 000 milhões de euros que Portugal tem
desperdiçado de fundos europeus, que temos de utilizar e de investir, não de gastar.
Mas eu lançava o seguinte desafio ao PAN: acompanha o PSD numa proposta que deu entrada, na última
segunda-feira, na Mesa da Assembleia, que obriga o Governo a apresentar um relatório trimestral sobre a
negociação, implementação e execução da «bazuca» europeia em Portugal e a vir, de três em três meses, à
Comissão de Economia esclarecer, apresentar, demonstrar e acompanhar o que está em execução com este
dinheiro?
Dois anos para executar 70% do montante é demasiado pouco para deixarmos o Governo sem a pressão
de executar rápido e bem.
Sr.as e Srs. Deputados, o PSD estará cá para escrutinar, para propor alternativas, mas, sobretudo, para
defender o interesse dos cidadãos em que se utilize bem esta oportunidade dos fundos europeus, não para
substituir o Estado naquilo que ficou por fazer com a austeridade dos últimos anos, mas para fazer reformas
estruturais que permitam ao País crescer mais e melhor e que permitam às empresas voltar a crescer como no
passado.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, entretanto, o Partido Socialista inscreveu uma Sr.ª Deputada para pedir esclarecimentos.
Como pretende responder, Sr.ª Deputada?
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Em conjunto, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Muito bem. Antes de dar a palavra à Sr.ª Deputada Cláudia Santos para pedir esclarecimentos, peço aos Srs.
Deputados que cumpram a regra de se inscreverem enquanto está a ser proferida a declaração política.
Sr.ª Deputada Cláudia Santos, tem a palavra para pedir esclarecimentos.
A Sr.ª Cláudia Santos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista associa-se à convicção do PAN sobre a necessidade de se garantir transparência no acesso aos
fundos comunitários. Todavia, parece peculiar que se reflita sobre esse assunto de tão grande relevância sem
se ter em conta a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção 2020-2024, que está em discussão pública e
que prevê um conjunto de mecanismos que nos parecem de extraordinária relevância para fazer face a esse
risco de corrupção.
Gostaríamos, portanto, de conhecer a opinião do PAN sobre dois desses mecanismos, duas das soluções
previstas na Estratégia Nacional de Combate à Corrupção que nos parecem de magna importância para se
prevenir a corrupção no acesso aos fundos comunitários, nomeadamente a corrupção ativa de pessoas
jurídicas e empresas.
Em primeiro lugar, a Estratégia prevê a obrigatoriedade de programas de compliance, ou cumprimento
normativo, e, mais do que essa obrigatoriedade, exige-se a avaliação da eficácia desses programas de
cumprimento normativo. Pergunto: o PAN reconhece a essencialidade dessa medida?
Segunda questão: não temos, neste momento, um estatuto processual penal para pessoas jurídicas, o que
significa que uma empresa que é arguida num processo penal por corrupção, ou que até já foi condenada em
primeira instância por corrupção, continua a poder candidatar-se a fundos europeus ou concorrer a concursos
públicos. A Estratégia refere-se, expressamente, à necessidade de criação de um catálogo de medidas de
coação para pessoas coletivas que as impeçam, durante a vigência do processo penal, de concorrer a
concursos públicos ou de aceder a fundos europeus.