I SÉRIE — NÚMERO 13
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O Sr. João Paulo Correia (PS): — Responderei, primeiro, a um grupo de três e, depois, a um grupo de quatro, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos, então, ao primeiro grupo de pedidos de esclarecimento.
Para o efeito, em primeiro lugar, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Paulo Oliveira, do PSD.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Paulo Correia, os portugueses têm bem presente que o PS escolheu os partidos da extrema-esquerda para alcançar uma maioria no
Parlamento, têm bem presente que estes partidos da extrema-esquerda responderam ao pedido de namoro e
a esse enlace e que esta relação a três fluiu, e fluiu bem, enquanto os tempos foram de vacas gordas,
enquanto os tempos foram de facilidades e enquanto houve dinheiro.
Mas a relação a três descambou perante as primeiras dificuldades. Na hora da verdade, quando se exigia
que o Governo e o PS estivessem à altura do momento e que o Governo e o PS estivessem à altura das
escolhas que fizeram no passado e que nunca se cansaram de reafirmar nesta Casa, o que é que o Governo e
o PS têm para oferecer aos portugueses? Têm para oferecer uma proposta de Orçamento do Estado que não
foi capaz de consensualizar com os seus companheiros de viagem. O que têm para oferecer aos portugueses
são os sucessivos lamentos, críticas e até chantagens sobre a conduta dos seus antigos companheiros de
viagem — o Bloco de Esquerda e o PCP.
O que o Governo e o PS têm para oferecer aos portugueses é o pré-anúncio de uma crise política, que
acresceria em cima de uma crise pandémica, de uma crise sanitária, de uma crise económica e de uma crise
social, tudo aquilo que os portugueses dispensam. Mas, infelizmente, é exatamente isso a única coisa que o
PS e o Governo têm para oferecer aos portugueses.
Por isso, Sr. Deputado João Paulo Correia, a minha pergunta é muito simples: onde para o sentido de
responsabilidade do PS e do Governo perante os portugueses? É isto que os senhores têm para nos oferecer?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — O próximo pedido de esclarecimento cabe ao Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Paulo Correia, o senhor disse que o Orçamento do Estado avança em todos os domínios, e é verdade, tem razão, ele avança em todos os
domínios. Por exemplo, a grande maioria das pensões fica por atualizar a 1 de janeiro do próximo ano. É um
avanço em relação ao que o Sr. Primeiro-Ministro tinha dito há nove meses!… Também disse, há 10 meses,
que este seria o Orçamento que acautelaria a sobrevivência das empresas. Também isso, segundo todas as
entidades que já se pronunciaram sobre ele, deixou para trás! Foi um avanço, também!…
Mas conseguiu avançar noutra coisa: numa amálgama de programas de apoio que veio aumentar a
burocracia como nunca vimos em Portugal.
Sr. Deputado, pode fazer chantagem com o Bloco de Esquerda e com o PCP as vezes que entender, mas
não pode vir dizer a esta Câmara que quem estiver contra o Orçamento está contra o País. Isso recorda-nos a
frase «quem não estiver connosco está contra nós», e isso já não é assim, Sr. Deputado, vivemos num Estado
democrático!
Se o Partido Socialista não conseguiu, sequer, convencer os seus parceiros de viagem a viabilizar este
Orçamento, como é que vai convencer o País de que este é o Orçamento de que o País precisa para
responder à crise?
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para pedir esclarecimentos, tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, do PAN.