15 DE OUTUBRO DE 2020
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responsabilidades: porque, daqui a seis meses, as pessoas que não tiverem acesso à prestação vão pedir
responsabilidades a quem votou o Orçamento; porque, daqui a seis meses, as pessoas que virem mais 476
milhões a ir para o Novo Banco vão pedir responsabilidades a quem votou o Orçamento; porque, daqui a seis
meses, quando as pessoas forem ao SNS e os profissionais de saúde não estiverem lá, porque, entretanto,
saíram ou ainda não foram contratados, vão pedir responsabilidades a quem votou o Orçamento.
Por isso, repito, Sr. Deputado: não é com chantagens que vamos defender as pessoas e o País. Vamos
defender o País com medidas fortes, com enorme responsabilidade, mas também com enorme exigência.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira concluir, Sr.ª Deputada, por favor.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Concluo, Sr. Presidente. Se o PS quiser reconsiderar, sabe que o Bloco de Esquerda tem a porta aberta e, outra coisa, sabe
exatamente quais as medidas que estão em cima da mesa, porque elas são as mesmas desde o primeiro dia
em que começámos a negociar.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder a estes quatro pedidos de esclarecimento, o Sr. Deputado João Paulo Correia, do Partido Socialista.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Sr. Presidente, queria agradecer as questões colocadas pelos Srs. Deputados Cecília Meireles, João Cotrim de Figueiredo, João Oliveira e Mariana Mortágua.
Respondendo à Sr.ª Deputada Cecília Meireles, gostaria de lhe dizer que, mesmo quando o Governo do
Partido Socialista, com o apoio dos parceiros parlamentares, desceu o IRS sobre as famílias, que hoje pagam
menos 1000 milhões de euros do que pagavam no final de 2015, mesmo nesses Orçamentos, o voto do CDS
foi «contra». Agora, pelos vistos, mesmo em relação à medida do Governo para descer as taxas de retenção
no IRS, permitindo que as famílias possam poupar cerca de 200 milhões de euros no ano de 2021, o CDS está
contra.
Protestos da Deputada do CDS-PP Cecília Meireles.
Portanto, do nosso ponto de vista, do que se trata aqui é de estar contra por estar contra, aliás, o CDS
sempre se pautou por ser um partido muito forte na oposição, mas, depois, no poder, não ser coerente com
aquilo que defende.
Em relação à questão colocada pela Iniciativa Liberal, o PS não luta pela sobrevivência, o PS luta por
apresentar um Orçamento que combata a pandemia e a crise económica e social.
Aplausos do PS.
É isso que está em cima da mesa e o Sr. Deputado tem duas opções: ou contribui para uma crise ou
viabiliza o Orçamento, porque ele traz avanços em todas as frentes.
Relativamente às questões referidas pelo PCP, sim, Sr. Deputado João Oliveira, as negociações são
fundamentais, elas decorrem há meses e irão decorrer até à conclusão do debate na generalidade, esperemos
que transitem também para a especialidade, como aconteceu nos Orçamentos do Estado anteriores, em que
houve negociações antes e depois da especialidade.
Também gostaria de dizer à Sr.ª Deputada Mariana Mortágua que partilhamos das mesmas prioridades. As
reivindicações apresentadas pelo Bloco de Esquerda, em julho deste ano, foram quatro: o reforço dos serviços
essenciais, e ele aí está, no Orçamento do Estado; a proteção do emprego, e as medidas aí estão, no
Orçamento do Estado; o apoio às famílias mais fragilizadas pela crise, e ele aí está, no Orçamento do Estado;
e o apoio aos setores de atividade mais atingidos pela crise, que também aí está, no Orçamento do Estado.
Portanto, a questão não é a de saber se se trata de chantagem ou não, porque o PS não está a
chantagear. Aquilo que todos os portugueses questionam e que não se percebe, e o PS interpela diretamente