15 DE OUTUBRO DE 2020
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A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, cumprimento o Sr. Deputado Maló de Abreu pelo tema trazido, que é da maior importância.
Gostava de me centrar num assunto mais do quotidiano, mais do curto prazo, que tem que ver com as
notícias recentemente conhecidas sobre a pressão que existe em vários hospitais do SNS, a propósito do
aumento dos casos de COVID-19, particularmente nos internamentos.
Sabemos que o hospital de São João cancelou cirurgias e passou para um nível de contingência mais
elevado, o que vai ter efeitos na atividade cirúrgica programada. De resto, o Dr. Fernando Araújo, que é
Presidente do Conselho de Administração do São João e ex-Secretário de Estado de um Governo socialista,
admitiu que os profissionais estão, e cito, «muito preocupados com o evoluir da situação, em função do
crescimento do número de casos» e explicou que existem profissionais infetados e em quarentena e que tudo
isto vai ter um impacto determinante no internamento.
Ao mesmo tempo, sabemos também que o Hospital de São José, o Hospital Beatriz Ângelo e o hospital
Amadora-Sintra estão na mesma circunstância de pressão e de incapacidade de resposta.
Hoje, também soubemos que o atual Bastonário da Ordem dos Médicos e outros bastonários anteriores a
ele se juntaram numa só voz para expressar, por um lado, um efetivo agradecimento aos profissionais do SNS
pela sua resiliência e abnegação e para dizer, por outro lado, que o Governo parece não ter aprendido «a lição
dos meses que se passaram» — estou a citar, não são palavras minhas —, que o SNS está novamente
disposto a uma disrupção grave e sofrerá com a pressão da procura que tem em mãos, que são desocultados
os problemas prévios do SNS e que, por isso mesmo, o que move os Srs. Bastonários e as Sr.as Bastonárias
nesta carta é a angústia de quem conhece os doentes pelo nome e sabe que o SNS, como está, sozinho, não
os poderá ajudar.
Portanto, perante este cenário, e face aos sucessivos alertas que temos feito nesta Casa, esta é a pergunta
que lhe deixo: na opinião do Sr. Deputado, é melhor encaminhar os doentes não-COVID para listas de espera
e os doentes COVID para tendas à porta dos hospitais?
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Muito obrigado, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Termino, Sr. Presidente. Ou é melhor aproveitar a capacidade instalada, que o Governo nega existir, fingindo constantemente que
não existe e deixando as pessoas em situação de total incapacidade no acesso aos cuidados de saúde?
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Muito obrigado, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Qual destes caminhos, ou qualquer outro que possa existir, é, na opinião do PSD, o melhor?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para o último pedido de esclarecimento deste primeiro grupo, tem a palavra a Sr.ª Deputada Bebiana Cunha, do PAN.
A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Maló de Abreu, antes de mais, saúdo-o pelo tema que trouxe, mas peço-lhe que esclareça as posições do partido que
representa em relação a dois assuntos muito concretos.
O Sr. Deputado trouxe a questão das políticas públicas de saúde e dos seus vários problemas e nós
gostávamos de falar especificamente sobre dois deles, a começar pelos problemas associados às juntas
médicas, que, inclusivamente, vão ser discutidos nesta Casa, na próxima sexta-feira.
Tendo em conta a realidade de muitos portugueses que não têm acesso ao atestado multiusos e que estão
à espera há mais de oito meses, alguns até há mais de um ano — estamos a falar de pessoas que não tinham
previamente acesso a este atestado e que estão a pedi-lo pela primeira vez —, e sabendo, desde logo, os
constrangimentos inaceitáveis que isto causa na vida destas pessoas, gostaríamos de saber se o Partido
Social Democrata concorda com a solução que o PAN apresenta. De forma muito resumida, essa solução