I SÉRIE — NÚMERO 13
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reconfiguração dos braços de acostagem, sendo necessário garantir que estão a ser tomadas todas as
medidas para defender esta atividade e a sua modernização.
Citando novamente o estudo de impacte ambiental, importa lembrar que «o novo terminal potenciará um
impacte visual negativo na paisagem envolvente, ainda mais significativo que o prolongamento do quebra-mar,
não só pela grandiosidade do projeto, como pela proximidade que este apresenta ao núcleo histórico de
Matosinhos e Leça da Palmeira».
Estes elementos, que vão ao encontro das preocupações que o PCP tem manifestado, merecem,
naturalmente, a nossa preocupação.
Temos considerado, desde sempre, o Porto de Leixões como uma das grandes alavancas do
desenvolvimento económico da região Norte e do País e os investimentos na modernização do porto são bem-
vindos e necessários, tendo em conta que este é o porto mais utilizado para as exportações das empresas da
região. No entanto, as características especiais deste porto, que convive paredes-meias com os núcleos
urbanos de Matosinhos e Leça da Palmeira, têm de garantir um diálogo com a comunidade, para assegurar,
simultaneamente, o desenvolvimento do porto e a melhoria das condições de vida das populações.
Assim, temos insistido na necessidade do envolvimento efetivo e profundo das populações e de todos os
que serão atingidos por estas alterações, devendo as suas preocupações ser consideradas na execução desta
obra.
Por isso mesmo, apresentamos esta iniciativa, para que se assegure a aplicação de todas as medidas
necessárias e recomendadas, nomeadamente no estudo de impacte ambiental já publicado, no sentido da
minimização do impacto desta intervenção, envolvendo todas as partes interessadas e tendo em consideração
as preocupações na concretização deste projeto.
Aplausos do PCP e do PEV.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A próxima intervenção é do Grupo Parlamentar do Partido Ecologista «Os Verdes», pelo que tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Silva.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Os Verdes iniciam a sua intervenção saudando os milhares de peticionários que sobrescreveram a petição «Diz Não ao Paredão», que se refere
aos impactos ambientais e socioeconómicos da obra do prolongamento do quebra-mar do Porto de Leixões.
Esta é uma questão que o Partido Ecologista «Os Verdes» tem vindo a seguir, acompanhando as
preocupações da população, das autarquias e dos diversos setores de atividade.
Os Verdes questionam a decisão da APA (Agência Portuguesa do Ambiente) de não ter avançado com os
estudos complementares, através dos quais seria possível conhecer os impactos que a obra terá sobre as
atividades económicas, a prática desportiva, a atividade balnear e turística na envolvência do projeto.
Não foram, até hoje, considerados os impactos globais e cumulativos das três intervenções previstas na
obra de acessibilidades marítimas do Porto de Leixões, apesar de as obras concorrerem para a mesma
finalidade e sendo o ambiente claramente afetado pelos projetos, entre as praias de Matosinhos e a zona do
estuário do rio Leça.
No caso do estudo de impacte ambiental do terminal de contentores as ações de monitorização e
acompanhamento propostas limitam-se à qualidade do ar e ao ruído, não contemplando a monitorização da
qualidade das massas de água.
Ora, Os Verdes insistem na premência de um estudo cumulativo sobre os impactos ambientais e sociais do
conjunto das obras em questão, numa perspetiva de avaliação ambiental estratégica, por forma a aferir, com
rigor e precisão, os impactos globais e respetiva interligação das obras em questão, tanto mais que as suas
fases de execução poderão vir a coincidir. Assim se aferirá se será possível o desenvolvimento das obras do
projeto de modo sustentável e respeitando a pesca, o turismo, as atividades desportivas, a restauração e a
hotelaria.
A Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo prevê a adjudicação da obra de
prolongamento do quebra-mar no último trimestre de 2020, tendo a APDL garantido que a adjudicação só terá
lugar com o título de impacte ambiental das restantes empreitadas, em cumprimento do acordado com a
autarquia de Matosinhos.