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I SÉRIE — NÚMERO 13

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Nesta matéria, que trata da construção do prolongamento de um quebra-mar exterior no Porto de Leixões,

associado a outras obras no Porto, há dois interesses em causa, e acho que isto deve ser dito às pessoas com

frontalidade porque são, ou podem ser, interesses conflituantes.

O estudo de impacte ambiental diz que a construção do prolongamento do paredão, na sua dimensão

prevista de 300 m, pode mudar de facto, e em permanência, as praias do Porto e de Matosinhos, ou seja,

pode haver nestas praias e, sobretudo, na envolvente marítima relevantes consequências ambientais,

relevantes consequências no uso da praia, porque, por alterar a ondulação, pode tornar impossível a prática

de desportos de ondas nas praias, ou em algumas praias do Porto e de Matosinhos, e quem as conhece

percebe que isto altera radicalmente o uso que lhes é dado. Portanto, uma decisão destas não pode ser

tomada de ânimo leve.

Por outro lado, também é bom que se perceba que o Porto de Leixões precisa, de facto, de investimentos

para receber navios de maiores dimensões e para continuar a ser o Porto mais significativo do noroeste

peninsular em porta-contentores. Se não forem feitos investimentos no Porto de Leixões, ele vai perder

competitividade. Esta também é uma realidade e é bom que estejamos conscientes dela.

A petição que hoje apreciamos permitiu que houvesse ampla discussão pública, que houvesse um grupo

de acompanhamento que envolveu as autarquias, a população e os parceiros económicos e que, é certo, teve

alguns avanços em algumas questões, mas continuou sem responder a uma pergunta essencial: há ou não

alternativa? Continuam sem explicar e a APDL continua sem oferecer garantias de que a única forma de fazer

aquela expansão é através da extensão do molhe em 300 m.

Há uma solução alternativa que muitos têm proposto e que permitiria compatibilizar as necessidades de

competitividade do Porto de Leixões, que são muito importantes, com as praias do Porto e de Matosinhos, que

também são importantes. Essa solução seria a construção de um molhe de dimensão inferior, que não

ultrapassasse os 200 m. Trata-se de uma solução que pode e, como é óbvio, deve ser estudada, antes de se

avançar para a construção do alargamento.

Por isso, concluiria dizendo que concordo com os projetos que propõem a suspensão e a necessidade de

reavaliação do prolongamento do quebra-mar, mas discordo, como se percebeu, de alguns dos fundamentos

com que o fazem.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — É agora a vez de intervir do Sr. Deputado Pedro Sousa, do Partido Socialista.

Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Pedro Sousa (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Porto de Leixões é, indiscutivelmente, um dos principais motores económicos do nosso País.

Trata-se de uma infraestrutura portuária que, além de integrar um importante porto de pesca, é a porta de

saída de mercadorias oriundas da pujante região Norte para mais de 180 países.

Com um movimento anual de cerca de 19,5 milhões de toneladas, em 2018, o Porto de Leixões terá

mesmo representado, aproximadamente, 11% do PIB da região Norte e 6% do PIB nacional, implicando cerca

de 20% do emprego no concelho de Matosinhos e 11% na região Norte.

De facto, o Porto de Leixões tem registado um crescimento do número de contentores movimentados e de

procura por parte de navios porta-contentores de maior dimensão, fatores que resultam no importante desafio

da sua modernização, sob pena de perder competitividade.

Aqui chegados, deparamo-nos com o fundamento dos projetos de resolução hoje em debate e a razão pela

qual mais de 6000 cidadãos apresentaram uma petição a este Parlamento.

Apesar de concordarem com a necessidade de modernização do Porto, apresentam-nos um conjunto de

preocupações em relação aos impactes ambientais dos investimentos, preocupações que o Grupo

Parlamentar do Partido Socialista acompanha, saudando, por isso, os peticionantes que nos fizeram chegar os

seus anseios e pensamento crítico.

Já em relação aos projetos de resolução, apraz-me recordar Gandhi, que dizia que «diferendos honestos

são muitas vezes um sinal saudável de progresso».