I SÉRIE — NÚMERO 16
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A proposta de lei da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira que agora discutimos visa, de facto, ultrapassar um problema que
é objetivo, um problema de diferenciação no regime legal previsto para o funcionamento das comissões de
inquérito nas duas Regiões Autónomas e que é, de facto, uma diferenciação que não pode encontrar qualquer
tipo de sustentação objetiva.
Esse é um problema que é preciso ultrapassar e parece-nos que, desse ponto de vista, o que é proposto
para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira é uma referência, ela própria também objetiva,
da reprodução do regime legal das comissões de inquérito para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma
da Madeira e exatamente das mesmas normas que regulam o regime legal das comissões de inquérito da
Região Autónoma dos Açores.
Portanto, não nos merece nenhuma objeção a consideração desse critério que a Região Autónoma da
Madeira entendeu propor à Assembleia da República e acompanhamos as palavras que já foram aqui
proferidas por outras Sr.as e Srs. Deputados para registar, de facto, a perplexidade de uma situação de
desequilíbrio como esta que existe e que, na nossa perspetiva, é proposto ser superada com um critério que
nos parece objetivo, ainda que esta matéria não seja uma matéria isenta de complexidade e de uma discussão
aprofundada, como, de resto, já foi aqui referido, não apenas no ponto de vista da discussão que tem sido feita
ao longo de anos relativamente ao regime jurídico dos inquéritos parlamentares, mas também na sua
aplicação à Região Autónoma da Madeira.
Aliás, aquando do debate em que se discutiu a proposta da Assembleia Legislativa da Região Autónoma
dos Açores houve, até, a oportunidade de aprofundar, de uma forma relativamente significativa, a aplicação e
o enquadramento constitucional que estava previsto para o funcionamento das comissões de inquérito, quer
na Assembleia da República, quer nas Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas.
Até a revisitação dessa discussão e dos elementos que dela constam são importantes para que, também
neste processo legislativo, possamos encontrar a solução adequada que ponha fim a este problema de
desequilíbrio insustentável e injustificado da situação em que as comissões de inquérito da Assembleia
Legislativa da Região Autónoma da Madeira funcionam, face àquelas que funcionam na Assembleia
Legislativa da Região Autónoma dos Açores.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Sara Madruga da Costa.
A Sr.ª Sara Madruga da Costa (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Gostaria, em primeiro lugar, de começar por referir que a autonomia não se apregoa, a autonomia pratica-se, e pratica-se
diariamente. Por isso, estranho que o Partido Socialista venha agora aqui falar de autonomia quando tem
vindo sistematicamente a ser cúmplice, aqui, nesta Casa, deste Governo da República, quando aqui apoia
também o tratamento discricionário que é dado à Madeira, quando apoia a falta de solidariedade, que aqui já
referimos, para a concessão de um aval que vai custar 84 milhões de euros. Portanto, estranho e lamento que
se venha agora falar de autonomia, da parte de um partido que é cúmplice de um tratamento inadmissível e
discricionário relativamente à Madeira.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem ainda a palavra o Sr. Olavo Câmara.
O Sr. Olavo Câmara (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A minha Colega Sara Madruga da Costa, para além de ser colega nesta Casa, também é colega da região. E o que me deixa mesmo triste é ver
que o PSD continua a não perceber o que é autonomia.
Temos um Governo Regional que é autónomo; temos um Governo Regional com a melhor ferramenta que
podíamos ter nas nossas mãos, que é, precisamente, a autonomia, só precisamos de exercê-la, não
precisamos de uma retórica contra a República. Sei que isso dá dividendos políticos na nossa Região
Autónoma da Madeira e que preferem ter um argumento político em vez de resolverem os problemas das