29 DE OUTUBRO DE 2020
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Sr.ª Ministra, na sua intervenção inicial, referiu que este Orçamento do Estado deve mobilizar a República,
deve mobilizar todos nós.
Permita-me que lhe diga que este é mais um Orçamento de muitos anúncios e de pouca concretização. Este
é um Orçamento claramente marcado pela ausência do setor social, por uma total ausência e referência ao
papel importantíssimo da economia social — e não somos nós, Grupo Parlamentar do PSD, que o dizemos, di-
lo também a Unidade Técnica de Apoio Orçamental e o Conselho Económico e Social.
Sr.ª Ministra, é importante que se quebrem as barreiras ideológicas. Quem o diz, além de nós, são também
as entidades do setor social. A esse propósito, passo a citar uma frase dita pelas mesmas: «O Estado não apoia
o setor social, é o setor social que apoia o Estado».
Aplausos do PSD.
O Sr. Duarte Marques (PSD): — Bem lembrado!
A Sr.ª Helga Correia (PSD): — Sr.ª Ministra, estas palavras descrevem a falta de atenção dada pelo Estado a um setor importante e que dá um apoio essencial às pessoas que sofrem neste momento com esta pandemia.
A Sr.ª Ministra tem feito anúncios e mais anúncios. Ainda na segunda-feira, anunciou aqui a questão da
Adenda ao Compromisso de Cooperação para o Setor Social e Solidário com um aumento de 3,5% e, depois, o
reforço do apoio aos lares e do apoio domiciliário em 5,5%, quando nós, Grupo Parlamentar do PSD,
questionámos sobre o subfinanciamento do setor social. Sr.ª Ministra, estes anúncios são insuficientes para
fazer face às despesas de um setor tão importante, que se substituiu ao Estado no apoio às pessoas. O Estado
tem de dar essa resposta e não pode deixar as pessoas e esse setor para trás.
A Sr.ª Ministra, na sua audição, falou das falhas das brigadas de intervenção rápida. Admitir essas falhas é
um princípio, Sr.ª Ministra, é verdade. Agora, essas brigadas deveriam estar no terreno atempadamente para
dar apoio às entidades do setor social que estiveram na linha da frente no apoio às pessoas, substituindo-se ao
próprio Estado.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Helga Correia (PSD): — A Sr.ª Ministra veio, mais uma vez, a este Parlamento anunciar um conjunto de medidas para as pessoas, assente numa receita irrealista, porque se baseia em contribuições e quotizações
que são superiores àquelas que foram arrecadadas em 2019 — e estamos a falar de um período em que a
economia crescia. Ora, neste momento, a economia não cresce e o desemprego aumenta, prevendo-se que
aumente ainda mais. Perante isto, como pensa concretizar estas medidas?
Nesta senda de anúncios que tem feito no Parlamento, um outro foi o da atribuição de 30 milhões de euros
para os cuidadores informais. Sr.ª Ministra, 30 milhões de euros para os cuidadores informais é a verba não
executada de 2020, que é transferida para 2021 — é preciso falar verdade!
Continuando ainda nesta senda de anúncios, Sr.ª Ministra, como está a questão da diminuição do prazo de
garantia de acesso ao subsídio de desemprego que está em vigor desde julho de 2020 e que ainda não chegou
às pessoas?
Sr.ª Ministra, o Governo tem obrigação de apoiar as pessoas, tem obrigação de apoiar a ação social, tem
obrigação de apoiar as entidades do setor social, tem obrigação de apoiar as pessoas e de não deixar ninguém
para trás.
Diga-me, Sr.ª Ministra, diga às pessoas como vão concretizar esses anúncios.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro, do Grupo Parlamentar do PS.