I SÉRIE — NÚMERO 19
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A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para responder a este primeiro conjunto de pedidos de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.
A Sr.ª Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social: — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Mariana Silva, antes de mais, quero concordar com aquilo que transmitiu sobre a forma como a
pandemia pôs a nu as fragilidades que temos, do ponto de vista do número de pessoas que ficaram a descoberto
em termos de proteção social.
Temos procurado, ao longo destes meses, responder a todas as situações das pessoas que estão sem
proteção social. Basta dizer que, neste momento, já temos cerca de 2 milhões e 200 mil pessoas abrangidas
pelos apoios extraordinários que já foram pagos, muitos deles refletindo muitas situações que estavam
completamente a descoberto, nomeadamente quanto aos trabalhadores informais.
Em termos da prorrogação de situações de proteção de desemprego, neste momento, já foram abrangidas
cerca de 60 000 pessoas por essas prorrogações extraordinárias de subsídio de desemprego, inicialmente até
julho, e também de subsídio social de desemprego.
Também abrangemos, com estas medidas extraordinárias, 170 000 trabalhadores independentes, que, se
não tivessem sido criadas estas medidas, estariam completamente a descoberto.
Evidentemente, a nossa preocupação tem sido conseguir responder às necessidades das pessoas, por um
lado, e, por outro, também criar mecanismos extraordinários e operacionalizá-los da forma mais ágil possível.
Verdadeiramente tem sido um desafio enorme por parte da segurança social. Basta pensarmos que a
segurança social paga, anual e regularmente, prestações a cerca de 4 milhões de pessoas para percebemos o
esforço que teve de fazer para, em dois meses, pagar a 2 milhões e 200 mil pessoas.
Pergunto se haveria outro sistema que não o da segurança social pública que conseguisse pagar o que a
segurança social conseguiu, com todas as dificuldades que teve e que tem, naturalmente.
Aplausos do PS.
Por isso a nossa grande aposta no investimento forte e numa revolução digital na segurança social, com um
investimento previsto de 200 milhões de euros no plano de recuperação com esta prioridade.
Queria manifestar também a nossa disponibilidade para trabalhar no âmbito do estatuto da agricultura
familiar, durante o processo do Orçamento, em colaboração com o Ministério da Agricultura. Portanto, o Governo
estará disponível para trabalhar.
Sr. Deputado José Soeiro, de facto, temos tido um processo de diálogo sério, longo, profundo, com
resultados. E esses resultados também estão refletidos naquela evolução que temos feito na construção deste
Orçamento e deste caminho que temos traçado. Confesso que sinto alguma incompreensão em perceber como
é que não conseguimos chegar a este diálogo e continuar o caminho que traz melhores soluções para as
pessoas.
Exemplo deste diálogo foi exatamente a forma como fomos evoluindo na criação desta prestação
extraordinária, fruto da identificação de problemas que fizemos em conjunto, mas também ao nível da evolução
da própria norma relativamente à manutenção do nível de emprego, em que incluímos os trabalhadores
independentes economicamente dependentes precisamente para salvaguardar a situação destas pessoas.
Protestos do Deputado do BE José Moura Soeiro.
Por outro lado, reitero que, com o layoff simplificado, foram abrangidas cerca de 890 000 pessoas, tendo os
seus contratos de trabalho ficado protegidos através deste apoio que tinha como contrapartida a proibição de
despedimentos coletivos e de extinção de posto de trabalho, coisa que manteremos.
Aplausos do PS.
Mas quero dizer também que o nosso diálogo foi mais longe, na medida em que também se fez ao nível das
relações laborais e daquilo que nos move no sentido do combate à precariedade.