I SÉRIE — NÚMERO 21
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O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Vamos passar à proposta de aditamento de um artigo 37.º-A — Criação de um quadro permanente de praças no Exército e na Força Aérea.
Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Eduardo Reis, do PSD.
O Sr. Carlos Eduardo Reis (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, nesta pandemia as Forças Armadas estiveram presentes na desinfeção de lares, escolas, edifícios do Estado, na formação, no transporte
de doentes e equipamentos para o Serviço Nacional de Saúde, na vigilância das praias para normalizar a época
balnear. Portanto, para além das missões que habitualmente cumprem, estiveram em todo lado, duplicando os
seus esforços e a afetação de efetivos.
No entanto, há um sítio em que não encontramos as Forças Armadas: é neste Orçamento do Estado. Temos
menor dotação financeira e zero perspetiva de futuro para os problemas estruturais e de sobrevivência da defesa
nacional, tal qual a conhecemos.
As Forças Armadas debatem-se já há largos anos com problemas de recrutamento e retenção de efetivos.
A fuga de militares é enorme. Para terem uma ideia, de 2014 a 2018, saíram dos quadros permanentes ou com
contrato cerca de 15 000 militares.
Contávamos, por isso, encontrar neste Orçamento do Estado a criação do quadro permanente de praças
para Exército e para a Força Aérea. A nossa prioridade para a valorização dos efetivos da defesa nacional não
pode ser só a igualdade de género. Podemos até cair no ridículo, Sr.as e Srs. Deputados, de caminharmos para
um futuro em que não há qualquer género a defender.
A criação do quadro permanente de praças não resolve o problema na sua globalidade, mas é uma solução
para todos quantos querem servir o seu País na condição militar, sem serem obrigados, por motivos financeiros
e de estabilidade, a saírem para as fileiras das forças de segurança.
Sr.as e Srs. Deputados, estamos a falar de uma medida com impacto orçamental zero, no imediato e nos
próximos seis a sete anos, impacto esse que, quando chegar, pode ser considerado bom investimento.
Se, no ano passado, por nossa proposta, conseguimos que todos passassem a receber o salário mínimo
nacional durante a recruta, queremos agora dar um novo horizonte de carreira a estes homens e mulheres.
Um país que não valoriza as suas Forças Armadas é um país que não respeita a sua história, sendo,
sobretudo, um país que não prepara o futuro.
Não podemos continuar a pedir mais com menos. A escolha é simples. Votar esta proposta é votar o futuro
das Forças Armadas.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Para intervir sobre a proposta de aditamento de um artigo 39.º-A — Autonomia das instituições do Serviço Nacional de Saúde para contratação de profissionais, Sr. Deputado
Moisés Ferreira, do Bloco de Esquerda, tem a palavra.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, a situação epidemiológica que o País atravessa é muito séria e preocupante. Para uma situação séria e
preocupante, exigem-se respostas fortes e capazes. Como o Bloco de Esquerda tem dito, a crises máximas não
se responde com propostas mínimas, como o Orçamento do Estado proposto pelo Governo tenta fazer.
Desde abril deste ano que o Bloco de Esquerda tem proposto que os contratos precários de quatro meses
com o Serviço Nacional de Saúde passem a contratos efetivos permanentes. Desde abril, temos dito que é
necessário dar autonomia às instituições do Serviço Nacional de Saúde para que possam contratar segundo as
suas necessidades, sem terem de esperar por autorizações que, muitas vezes, nunca vêm, sem terem de
aguardar semanas, meses, para poderem contratar as pessoas de que necessitam.
Mas o Governo não fez isso. Em meses de pandemia, não fez nada disto.
Sr.as e Srs. Deputados, em particular, Sr.as e Srs. Deputados do Grupo Parlamentar do Partido Socialista,
não é com precariedade que vamos reforçar o Serviço Nacional de Saúde!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!