21 DE NOVEMBRO DE 2020
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Com a proposta 1255-C, queremos que se faça justiça aos transmontanos. Se vai acontecer o trespasse da
concessão de seis barragens nos principais rios transmontanos e se esse trespasse vale 2,2 mil milhões de
euros, os impostos que o Estado vai cobrar devem ficar também em Trás-os-Montes. É isso que defendemos.
Isso é justiça!
Defendemos também que, com esses valores, que esperamos sejam superiores a 100 milhões de euros, se
constitua um fundo de apoio aos transmontanos, gerido pelos transmontanos, em diversas áreas económicas,
sociais, ambientais e culturais.
Isto não é um privilégio; isto é justiça pura e simples!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Vamos passar a uma proposta de artigo 99.º-A — Alterações ao Código do Trabalho, apresentada pelo BE.
Tem a palavra o Sr. Deputado José Soeiro.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, a Eurest anunciou neste mês o despedimento de 122 trabalhadores, depois de ter recorrido ao layoff simplificado
e ao mesmo tempo que recruta trabalhadores temporários que não são abrangidos por nenhuma proteção no
âmbito dos apoios à economia. Empresas como a Eurest podem receber os apoios à manutenção do emprego
e, ao mesmo tempo, descartar trabalhadores precários.
A Sumol+Compal anunciou, na semana passada, o despedimento de 80 trabalhadores, depois de ter
recorrido ao layoff e de ter recebido milhares de euros em apoios públicos para a manutenção do emprego. Anos
e anos de lucros e a empresa não pôde usar um pouco do que acumulou no passado para aguentar este
momento difícil sem imputar as perdas aos trabalhadores e colocar cerca de 80 famílias num estado de aflição.
A proposta do Bloco de Esquerda é simples e é sensata: às empresas deve ser dado todo o apoio à
manutenção do emprego, exigindo-se verdadeiras contrapartidas de manutenção de emprego, incluindo os
trabalhadores precários, que o Governo, incompreensivelmente, insiste em deixar de fora de qualquer proteção.
Às empresas devem ser dados apoios, chamando-as à responsabilidade e impedindo que os apoios públicos
à retoma da economia, que devem existir, se transformem, afinal, num mecanismo público de financiamento de
despedimentos privados.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Vamos passar à proposta de artigo 99.º-A – Integração profissional de pessoas em situação de sem-abrigo, apresentada pelo PAN.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, a população em situação de sem-abrigo é uma população altamente fragilizada.
Neste Orçamento do Estado para 2021, cuja discussão em sede de especialidade agora iniciámos, é
fundamental dar respostas estruturais a matérias que combatam, de forma mais aprofundada e transversal aos
diferentes ministérios, o problema da pobreza extrema e da vulnerabilidade em que se encontram estas pessoas.
Por proposta do PAN, este Orçamento dá resposta a um dos direitos basilares de qualquer ser humano, na
sua generalidade, ou seja, o direito a uma casa, sem descurar a dimensão do combate à pobreza e exclusão
social, desiderato da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo.
No entanto, é preciso ir mais longe e aprofundar esta matéria. Se é certo que, até ao final do ano, vamos
conseguir que sejam celebrados protocolos que ficaram previstos no Orçamento do Estado para 2020, para
reforçar o Projeto Housing First, ou seja, Uma Casa Primeiro, um passo fundamental para a proteção dos mais
vulneráveis, é fundamental também apostar na sua integração profissional. É nesse sentido que estas respostas
têm de estar estruturadas e interligadas para que exista também uma aposta na sua formação e integração
socioeconómica.
Não podemos deixar de dar uma nota em relação às demais propostas apresentadas, como é a da qualidade
de alimentação distribuída às pessoas em situação de sem-abrigo: a de que não podemos perder de vista aquele