O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

4 DE DEZEMBRO DE 2020

37

ou seja, se não tivesse apresentado, há tanto tempo, um ultimato e dito «ou é assim ou não é nada», talvez

tivéssemos podido continuar a discutir, porque era isso que o País esperava de nós.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, agora, a palavra para a próxima declaração política, em nome do PSD, o Sr. Deputado Alexandre Poço.

O Sr. Alexandre Poço (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Não é fácil ser jovem em Portugal. Qualquer jovem português com menos de 35 anos sentiu a vida marcada pela crise. Não há realidade mais

constante na vida das novas gerações do que a situação de permanente crise.

Geração atrás de geração, os jovens não conseguem singrar ou realizar o seu projeto de vida no nosso

País, num desperdício de valor e de talento. Geração atrás de geração, os jovens veem os seus sonhos

adiados, suspensos na promessa de um futuro melhor, que acaba sempre comprometido pelas escolhas e

circunstâncias do presente.

O País não tem sido capaz de estar à altura das suas gerações mais novas, pelo que devemos perguntar-

nos: o que temos feito para garantir mais oportunidades, para oferecer mais futuro aos jovens do nosso País?

Neste final de 2020, as novas gerações voltam a ser das mais prejudicadas com a atual crise pandémica,

económica e social. Um autêntico rolo compressor destrói o presente para milhares e milhares de jovens do

nosso País e compromete os seus projetos de vida. Não teremos um País decente, desenvolvido e justo

enquanto não tivermos uma juventude emancipada, independente, capaz de se autonomizar, capaz de olhar o

futuro com esperança.

Ao fim de quase 50 anos de democracia e mais três décadas de integração europeia, com os avanços

significativos e inquestionáveis que estas realidades permitiram e consolidaram, é também hoje inegável que

Portugal continua a ser um dos países mais pobres da União Europeia, ultrapassado por países que são

independentes há apenas três décadas, como os países bálticos ou os países do leste europeu. A pobreza e o

atraso crónico face à Europa empatam de forma brutal as oportunidades e o projeto de vida de cada jovem.

Aplausos do PSD.

Os jovens portugueses são, entre os jovens europeus, os que mais tarde saem de casa dos seus pais. Este

é um País no qual os jovens são o grupo etário com uma taxa de risco de pobreza mais elevada. Já contando

com prestações sociais, quase 20% dos jovens com menos de 18 anos estão no limiar da pobreza.

Que País é este?! Que País estamos a construir, quando, mesmo com transferências sociais, um em cada

cinco jovens vive no limiar da pobreza?!

Este é um País que regista uma das taxas de desemprego jovem mais elevadas da União Europeia, a que

se juntam milhares e milhares de jovens que não estudam, nem trabalham. Um em cada quatro jovens

portugueses está hoje sem emprego. É urgente resolver este problema, com mais respostas, mais ação e

muito menos propaganda, porque essa não gera um único emprego.

Aplausos do PSD.

Este é um País que conta com uma geração qualificada, cosmopolita, europeísta, aberta ao mundo e ativa

no mundo cultural, uma geração que se mobiliza pelo planeta, pela cidadania e pela responsabilidade social,

mas que não recebe em troca mais de 700 € de salário mensal, mesmo quando tem uma licenciatura, um

mestrado ou um doutoramento.

Os jovens não precisam de continuar a ouvir elogios ocos, como o de serem a geração mais qualificada de

sempre se essa qualificação não for acompanhada por uma remuneração própria de um país desenvolvido, de

um país europeu.

As novas gerações exigem mais igualdade de oportunidades — económica, social, territorial, cultural —,

exigem um País em que o que alcançamos na vida está mais relacionado com o esforço de cada um e não é