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4 DE DEZEMBRO DE 2020

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Perguntamos: não estaremos, então, perante um plano de reestruturação desatualizado, tendo em conta a

evolução da realidade? Não estará o Governo a reestruturar para lá do necessário?

Há meses que exigimos ao Governo uma estratégia para que a TAP possa servir o País, assegurar a

coesão territorial, marcar uma presença efetiva junto da diáspora, assegurar postos de trabalho e não deixar

afundar a riqueza que traz ao País. Percebe-se agora que esse apelo continua atual.

O que quer o Governo para a TAP? Que papel terá na estratégia para os transportes no País?

Há, neste momento, um enorme vazio na resposta a estas perguntas fundamentais. E, pelo contrário, o que

parece nortear as escolhas do Governo é a cedência à pressão de Bruxelas para fazer da TAP uma miniatura

daquilo que é. É assim que se defende o interesse nacional, Srs. Deputados e Sr.as Deputadas? Isso até pode

interessar às restantes companhias aéreas europeias, mas não interessa, seguramente, ao País!

É incompreensível que o plano de reestruturação não seja, neste momento, conhecido. Sendo uma

empresa tão importante e tendo o apoio público a dimensão que tem, não podemos aceitar que estas decisões

sejam tomadas sem o devido escrutínio público, sem a garantia de que se está a proteger ao máximo o

emprego desta empresa e o seu futuro.

O Governo prometeu incluir os sindicatos na negociação e não cumpriu, assim como prometeu que o plano

de reestruturação seria debatido, mas a data para a sua entrega em Bruxelas aproxima-se rapidamente e não

se conhece o documento.

Não podemos aceitar que assim seja pelos milhares de trabalhadores e respetivas famílias, nem podemos

aceitar que assim seja pelo peso que a TAP tem na economia portuguesa e nas exportações, o que será

fundamental para a retoma da economia portuguesa.

Por isso mesmo, exigimos que o Governo venha ao Parlamento apresentar o plano de reestruturação, em

tempo útil, para que seja escrutinado. Entregámos, hoje mesmo, um requerimento potestativo, e com caráter

de urgência, para que o Sr. Ministro das Infraestruturas seja ouvido na Comissão.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Há demasiadas dúvidas no ar sobre os critérios subjacentes às escolhas

no plano de reestruturação e à forma como está a ser conduzido. O País, os trabalhadores e a democracia

merecem explicações e toda a informação.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Salvo inscrições de última hora, que não deveriam ocorrer, mas que, pelo tocar do telefone, estão a ocorrer, a Mesa regista a inscrição, para pedir esclarecimentos, de

três Srs. Deputados.

Como pretende responder, Sr.ª Deputada Isabel Pires?

A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Em conjunto, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sendo assim, o primeiro pedido de esclarecimento cabe ao Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, do Iniciativa Liberal.

Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL) — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Isabel Pires, trouxe a debate um tema importante. Infelizmente, temos dito, desde o princípio, que a TAP vai ser o Novo

Banco dos anos que aí vêm. E, ainda por cima, ao contrário do Novo Banco, a TAP não tem limite do que

pode custar aos contribuintes.

Sr.ª Deputada, da sua intervenção, fiquei sem perceber qual é a surpresa. Temos dito desde o princípio

que a TAP vai custar aos contribuintes «mundos e fundos» e vai custar, sem que isso se represente, a

manutenção dos postos de trabalho, a manutenção da capacidade exportadora ou qualquer outra coisa.

Portanto, Sr.ª Deputada, tenho duas questões para si.

Primeira, qual foi o argumento utilizado pelo Governo, quando nacionalizou ou renacionalizou a TAP, que a

convenceu? Foi a importância incontornável da TAP para o turismo, ignorando que a maior parte do

crescimento do turismo na última década foi assegurado por outras transportadoras? Foi a importância da TAP

para as exportações, ignorando o seu papel ainda mais importante para as importações? Foi o papel da TAP