I SÉRIE — NÚMERO 26
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos à última declaração política desta tarde, a qual cabe ao Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, do Iniciativa Liberal, que já se apresta a vir à tribuna para a
proferir.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O debate orçamental que terminámos na semana passada foi mais um exemplo de como esta Casa está cada vez mais tomada por uma
visão coletivista da sociedade, uma visão em que as pessoas contam menos do que o Estado.
O Governo socialista negociou com os outros partidos coletivistas a aprovação de um Orçamento para um
país mais coletivista: a política económica põe o Estado à frente das pessoas; a política social sujeita as
pessoas à dependência do coletivo e impede-as de escolher; e a política externa branqueia o coletivismo
opressor chinês, enquanto abraça o coletivismo autoritário húngaro.
O desprezo pela natureza humana, com a crescente submissão do indivíduo a um grupo, seja ele uma
classe, uma maioria étnica ou o Estado, tem, nesta Casa, cada vez mais defensores, de ideologias diferentes
e, muitas vezes, até opostas.
Por outro lado, a crença no indivíduo e na liberdade tem sofrido ataques que vêm um pouco de todo o lado:
o Bloco de Esquerda e o PCP dão vazão ao seu ódio pelos privados e querem nacionalizar tudo e, na prática,
expropriar quem é privado; o Chega quer proibir as pessoas de filmarem certas coisas, ao mesmo tempo que
assume, com o seu discurso e nas suas propostas, a discriminação étnica; o PAN quer intrometer-se no que
as pessoas comem; o CDS quer drones a vigiar as pessoas nas praias; o PSD apoia restrições de horários
sem sentido, que estão a levar dezenas de milhares de pessoas da restauração, alojamento e eventos ao
desemprego; e o Governo do PS queria que cada pessoa fosse obrigada a ter uma certa app no telemóvel.
Não conseguiram; mas conseguiram outras aberrações limitativas, como proibir aulas online ou comer pipocas
nos cinemas.
Ao abrigo do estado de emergência, aquilo a que estamos a assistir é à emergência do Estado, utilizando o
medo, que o próprio Estado fomenta, para atropelar direitos e para exercer um poder desproporcionado sobre
a vida das pessoas.
O Iniciativa Liberal está contra esta visão coletivista. Para nós, é a cada pessoa que cabe decidir e escolher
o rumo que quer dar à sua vida.
Quando o Iniciativa Liberal defende uma maior mobilidade social, a possibilidade de uma pessoa ter reais
oportunidades para sair da pobreza e subir na vida, como acontece noutros países europeus, estes coletivistas
dizem: «Isso é demasiado ambicioso.» Mas não os preocupa que Portugal possa terminar o ano de 2020 mais
perto do nível de vida da Bulgária do que da média europeia.
Quando o Iniciativa Liberal defende a possibilidade de um jovem começar a sua vida profissional sem
sufocar sob uma carga fiscal e uma burocracia asfixiantes, estes coletivistas dizem: «Isso é muito
individualista.» Mas não os preocupa que Portugal ocupe os últimos lugares do ranking da competitividade
fiscal.
Quando o Iniciativa Liberal defende a possibilidade de um indivíduo escolher para onde quer descontar
para a sua reforma, qual o hospital em que quer ser tratado e qual a escola para os seus filhos, estes
coletivistas dizem: «Isso é muito egoísta.» Mas não os preocupa que Portugal seja um país onde quase não
há liberdade de escolha nos serviços públicos, parecendo que o Estado tem de financiar, prestar e decidir
tudo.
Mas o Estado não tem de decidir tudo sobre a vida das pessoas. Basta olhar para os outros países
europeus para perceber que não tem mesmo.
Noutros países, os pais podem escolher a escola dos seus filhos, sem terem de ficar presos à escola do
seu código postal. Por cá, o Iniciativa Liberal propôs que mais famílias pudessem fazer o mesmo com os
contratos simples e de desenvolvimento. A medida foi rejeitada, com votos contra do PS, do BE e do PCP e
abstenções do PAN e até do PSD.
Noutros países, a resposta à crise foi baixar impostos a empresas e famílias. Por cá, o Iniciativa Liberal
propôs baixar o IRS (imposto sobre o rendimento das pessoas singulares), baixar o IVA (imposto sobre o valor
acrescentado) da restauração, baixar o IRC, suspender os pagamentos por conta, diminuir as burocracias para
as empresas, acabar com o IMT (imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis) para a